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II Fórum de Leituras de Paulo Freire na Região Norte:

Educação como ato político

 

Caderno de Anais dos Trabalhos Científicos

 

 Apresentação

 

O II Fórum de Leituras de Paulo Freire na Região Norte realizado na cidade de Porto Velho – RO entre os dias 19 a 21 de junho de 2017, é um esforço coletivo de pesquisadores e movimentos sociais envolvidos com a educação das classes populares na Amazônia.

 

Inicialmente é fruto de uma discussão anterior que teve início na Universidade do Estado do Pará (UEPA) em 2015/1 sob a indagação: “Por que não temos um fórum de leituras freireanas a partir da região norte do país?”. Apontaram-se, então, questões que poderiam ajudar a compreender esta realidade: a escola pública em descompasso com a realidade das classes populares na Amazônia, educação do campo, das águas e da floresta, cultura do silenciamento das mulheres ribeirinhas, educação de adultos, educação infantil, educação especial, e outros.

A partir desses apontamentos iniciais, o Fórum Paulo Freire foi pensado e organizado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sob a coordenação da Profª Profª Drª Rita de Cássia Fraga Machado do campus de Tefé (UEA) e a Profª Profª Drª Amanda Motta Castro (FURG/RS), que protagonizaram não só a realização deste evento na cidade de Manaus, mas, também, a organização do livro de memórias, intitulado: "Educação Popular em Debate" que será lançado em 2017 na cidade de Porto Velho - RO.

 

Neste segundo fórum além de agregar essas indagações e apontamentos que venham contribuir com a região norte do país apresentam-se também como um espaço de diálogo e reflexão a partir da ótica freiriana, especialmente no contexto mais abrangente de crise estrutural do capitalismo e dos perigos do refluxo histórico de retrocessos em todos os níveis da sociedade, que implica, necessariamente, intencionalidade, diretividade, rigorosidade, compromisso, competência e seriedade no trabalho docente que é desenvolvido com as classes populares na escola pública, todos conceitos e categorias presentes na obra de Paulo Freire. Assim, a realização do II Fórum da Região Norte se fundamenta no tema “Educação como ato político”.

O II Fórum de Estudos Leituras de Paulo Freire: Educação como ato político, promovido, organizado e programado pela Licenciatura em Educação do Campo (Coordenação Geral), ligado ao departamento de Educação do Campus de Rolim de Moura da Universidade Federal de Rondônia, juntamente com o mestrado em Educação do Campus de Porto Velho e a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis PROCEA/UNIR.

O evento tem como foco estabelecer a abertura de um espaço permanente de reflexão e diálogo sobre temáticas relevantes no campo da Educação Popular freireana, além de oferecer espaços de socialização de produções intelectuais, de trabalhos de pesquisas, de relatos de experiências, de vivências, painéis, danças, poesias, dentre outros. 

 

Este Cadernos de Anais dos Trabalhos Científicos reúne os resumos dos trabalhos completos apresentados nas diversas sessões dos Eixos Temáticos com seus respectivos coordenadores(as).

 

Coordenação Geral

Prof Dr  Fernando Bilhalva Vitória (EDUCAMPO/UNIR)

Profª Drª Aparecida Luzia Alzira Zuin (UNIR)

 

Comissão Organizadora

Prof Dr  Fernando Bilhalva Vitória (EDUCAMPO/UNIR)

Prof Dr  Santiago Silva de Andrade (EDUCAMPO/UNIR)

Prof Dr  Michel Watanabe (EDUCAMPO/UNIR)

Profª Drª Márcia Maria de Oliveira (EDUCAMPO/UNIR)

Prof Dr  Nelbi Alves Cruz (UNIR)

Profª Drª Aparecida Luzia Alzira Zuin (UNIR)

Lucas Henrique Vieira Lenci (Técnico Administrativo/EDUCAMPO/UNIR)


Comitê científico

Prof Dr  Fernando Bilhalva Vitória (EDUCAMPO/UNIR)

Prof Dr  Santiago Silva de Andrade (EDUCAMPO/UNIR)

Profª Drª Márcia Maria de Oliveira (EDUCAMPO/UNIR)

Profª Drª Renata da Silva Nóbrega (EDUCAMPO/UNIR)

Prof Dr  Zairo Carlos da Silva Pinheiro (UNIR)

Profª Drª Walterlina Barboza Brasil (UNIR)

Prof Dr  Josemir Almeida Barros (UNIR)

Prof Dr  Nelbi Alves Cruz (UNIR)

Prof MsC José Joaci Barboza (UNIR)

Profª MsC Marcele Regina Nogueira Pereira (UNIR)

Profª Drª Rita de Cássia Machado (UEA/AM)

Profª Drª Amanda Motta Castro (FURG/RS)

Profª Drª Cláudia Battestin (URI/FW)

Profª Drª Dilnéia Rochana Tavares do Couto (UEAP)

Prof Dr  Cesar Augusto Soares da Costa (UCPel/RS)

Prof Dr  João Colares da Mota Neto (UEPA)

Prof Dr  Thiago Ingrassia Pereira (UFFS)

Prof Dr  Cleder Fontana (UFRGS)

Profª Drª Laura Senna Ferreira (UFSM)

Profª Drª Bianca Santos Chisté (UNIR)

Profª Drª Adriane Pesovento (UNIR)

Profª Drª Avacir Gomes dos Santos Silva (UNIR)

Profª Drª Dra. Cynthia Cristina de Morais (UNIR)

Profª Drª Kachia Hedeny Téchio (UNIR)

 

Programação:

 

19 de junho de 2017

14h00min - Credenciamento

 

18h00min - Abertura: Coordenação Geral

 19h00min - Mesa Aberta: Círculo de Cultura Educação Popular e política: Os povos indígenas e a revitalização linguística como ato político.

Conferencistas: Dr. Rogério Sávio Link e Drª Rita de Cássia F. Machado (UEA).

 

20 de junho de 2017

08h30min - Eixos temáticos

12h00min - Intervalo para almoço

14h00min - Eixos temáticos

19h00min - Conferência - A Epistemologia da Agroecologia: Apontamentos e desafios para educação popular na América Latina.

Conferencistas: Dr. Alceu Ravanello Ferraro (UFRGS) e Dr. Santiago Andrade.

20h30min - Lançamento do livro de memórias: Drª Rita de Cássia Fraga Machado e Drª Amanda Motta Castro e outros de 2017 - Noite cultural.

 

 21 de junho de 2017

08h30min - Eixos temáticos

12h00min - Intervalo para almoço

 

14h00min - Plenária de sistematização e encaminhamentos do próximo fórum. Dr. Fernando Bilhalva Vitória e Drª Aparecida Luzia Alzira Zuin.

EIXOS TEMÁTICOS E APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

 

Eixo Temático 01: Paulo Freire e Educação do Campo, das Águas e da Floresta 

Coordenadores: Prof Dr  Fernando Bilhalva Vitória e Prof Dr  Santiago Silva de Andrade (EDUCAMPO/UNIR)
 

Ementa: A partir do olhar freireano, pretende-se elucidar ações significativas de práticas, mobilização e articulação por uma educação básica e superior no campo, na floresta e nas águas e que considere as pessoas que vivem e trabalham nestes espaços enquanto sujeitos de direitos no Estado democrático brasileiro.  O foco de discussão é a luta pela educação que ocorre em áreas rurais, de florestas e entre os povos das águas face às muitas ameaças enfrentadas e impostas pela expansão das monoculturas agropecuárias e florestais, das mineradoras, dos grandes projetos hidrelétricos e de grilagem de terras públicas, que servem ao grande capital. 

 

 

Educação do Campo com ênfase no transporte escolar

Silmar Oliveira dos Santos (CEMEHIA/UNIR)

 

O presente trabalho objetiva relatar a experiência vivenciada por uma pedagoga técnica na função de supervisora em uma Escola Polo Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental da zona rural de Rolim de Moura. Escola essa que é nucleada para atender alunos do Pré I ao 9° ano, que moram nas propriedades rurais localizadas no lado leste do município. E nesse contexto tem como foco principal apontar as dificuldades e desafios que os discentes dessa escola enfrentam com o transporte escolar para terem acesso à educação. A metodologia desenvolvida foi a observação participante, possibilitada pela vivência cotidiana, conversas informais e participação direta na rotina da comunidade escolar. No desenvolvimento dessa vivência averiguou-se que a política educacional do transporte escolar destinada para a educação do campo está a serviço do capitalismo que por intermédio dessa política exaure os preceitos da educação do campo, pois com o intuito de desenvolver o transporte escolar os alunos têm que estudar em escolas que em sua maioria tem um projeto político pedagógico urbanocêntrico que não valoriza a compreensão de que a educação do campo originou-se num processo de luta dos movimentos sociais para resistir à expropriação de terras. Enfraquece a cultura dos sujeitos do campo ao incentivar que esses alunos se desloquem do campo para estudar na cidade. Agindo de maneira taciturna a política do transporte escolar contribui para a formação de mão de obra para o capital, a geração de lucro para os empresários ligados ao transporte escolar e principalmente aos anseios dos grandes latifundiários. Sendo assim uma maneira de silenciar a luta dos sujeitos do campo contra a hegemonia capitalista. O propósito desse estudo é a construção do conhecimento científico, que ele possa contribuir com discussões e continuidade acerca do tema educação do campo e políticas públicas, e também uma tentativa de amplificar a voz dos alunos camponeses que historicamente não tem a garantia do direito a educação consolidado.

Palavras-chave: Educação do campo; transporte escolar; capitalismo.

 

 

A teoria dialógica freiriana nos pré-fóruns de educação do campo na secretaria municipal de educação de Manaus

Waldileia do Socorro Cardoso Pereira (FSDB/SEMED/AM)

 

O presente artigo resulta de experiência vivenciada na realização dos cinco pré-fóruns de Educação do Campo realizados na área rural do município de Manaus. Destacamos no momento o destaque e importância da teoria dialógica em Paulo Freire como elemento fundamental para realização e sucesso desses eventos quais foram organizados pelo Comitê Municipal de Educação do Campo na Secretaria Municipal de Educação de Manaus no ano de 2016. Os pré-fóruns foram momentos de escuta junto aos sujeitos envolvidos nas escolas do campo em todas as comunidades da área ribeirinha (rio Negro e rio Amazonas) e área rodoviária (BR 174 e AM 010). Esses eventos antecederam a realização do I Fórum Municipal de Educação do Campo em 2016. O objetivo proposto para o momento dos pré-fóruns foi dialogar com as comunidades, estudantes, professores, gestores, administrativos das escolas a fim de ter elementos que pudessem contribuir na elaboração das Diretrizes Pedagógicas para escolas na área rural de Manaus. A metodologia utilizada teve como eixo central o diálogo entre os sujeitos com utilização de instrumentos para registro, nesse sentido a dialogicidade a luz do pensamento de Paulo Freire tornou possível aproximação entre a teoria e prática, entre dimensão técnica pedagógica e realidade que constitui a vivencia das comunidades e seus sujeitos nas áreas rurais da Amazônia especialmente no município de Manaus.

Palavras-chave: Educação do campo; Dialogicidade; Políticas Públicas.

 

 

Reflexões sobre os princípios teóricos/metodológicos da educação do campo nos processos formativos

Graciane F. S. Andrade (FAPEAM/PAIC/UEA)

Lucinete G. Costa (UEA)

 

O presente artigo visa apresentar os resultados obtidos na pesquisa intitulada Educação do Campo: um estudo sobre os princípios teóricos/metodológicos, originado do Projeto de Iniciação Científica desenvolvido na edição 2015/2016 do PAIC na Universidade do Estado do Amazonas-UEA/ FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. E nos procedimentos metodológicos enveredamos pela abordagem qualitativa num estudo de caráter bibliográfico, para compreender os princípios teóricos/ metodológicos que fundamentam a Educação do Campo. Pois, a escola é um reflexo da sociedade e das relações sociais estabelecidas, então quando pensamos em educação do campo, é necessário identificar quais as práticas educativas se encontram nas escolas do campo e como está se desencadeando este processo de ensino aprendizagem nas suas várias dimensões. Todavia, as práticas educativas dos professores dependem da sua visão de educação, bem como de homem, mundo e sociedade. E qual educação nós estamos oferecendo aos sujeitos do campo? Quais as perspectivas que surgem para a inserção e problematização da realidade? Uma vez, que a educação do campo avançou significativamente e conquistou o seu lugar no centro do debate atual da sociedade. Assim, as práticas educativas se constituem como ação transformadora e emancipatória, que valorize e fortaleça a identidade dos sujeitos. Pois, o desenvolvimento do trabalho pedagógico na concepção da educação do campo perpassa pelo processo, que vai se construindo no direcionamento teórico/prático de sua concepção de educação na direção de uma formação humana dos diferentes sujeitos envolvidos no campo educacional. E neste processo, salientamos a relevância do estudo sobre a Educação do Campo na Formação de Professores que poderá trazer elementos importantes para a formação docente, contribuindo para uma leitura crítica do processo de ensino aprendizagem em nosso contexto amazônico.

Palavras-chave: Educação do Campo; Formação de professores; Metodologia de Ensino.

 

 

Crescimento econômico de Tefé – AM: análise comparativa entre o PIB e o nível de escolaridade - 2006 a 2011

Leile Mariane dos Santos Nunes (UEA)

Soraia Cunha (UEA)

Armando Clóvis Souza (UEA)

 

Esta pesquisa tem por objetivo analisar as relações diretas da educação sobre o PIB levando a uma reflexão em relação ao crescimento econômico, especificamente na cidade de Tefé, diante dos seus níveis de escolaridade. A pesquisa em questão iniciou-se com levantamento de informações que permitiram em um primeiro momento, obter dados em uma abordagem geral sobre os aspectos econômicos e sociais do município de Tefé. Em segunda instância, após breve caracterização, foi realizado um levantamento de dados socioeconômicos para auxiliar no estudo do cenário encontrado, tais como Produto Interno Bruto – PIB, dados populacionais, PIB per capta, Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM, e fontes secundárias entre as quais SEPLAN, IBGE, Atlas de Desenvolvimento Humano do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Os resultados encontrados da análise comparativa entre o PIB per capita e o número de matrículas iniciais demonstraram que essas duas variáveis acompanham um crescimento no mesmo ritmo, demonstrando uma relação positiva, inclusive se percebe que tanto nas matrículas quanto no PIB o ano de 2011 foi o ano de maior pico dentre os períodos estudados. E por menor que seja os períodos estudados, de apenas cinco anos, essas variáveis tornam-se dependentes uma da outra, onde mais pessoas estudando, futuramente haverá mais profissionais qualificados, mais oportunidades no mercado de trabalho e, consequente, mais geração de renda no município.

 

 

Escrever a história com muitas mãos: ocupar enquanto ato político e educativo

Adriane Pesovento (UNIR)

Khayo Djemes da Purificação (UNIR)

Perla Arruda Lima (UNIR)

 

“A resposta, meu amigo, está soprando no vento” (Bob Dylan). O presente artigo tem sua origem em meio ao cenário de ocupações em escolas e universidades pelo Brasil em 2016. Milhares de secundaristas e universitários em manifestações contra: ao Projeto de Emenda à Constituição - PEC número 55 que tramitava nas casas legislativas do país e também o Projeto intitulado: Escola sem Partido e a Reforma do Ensino Médio, entre outras demandas internas que se faziam em cada âmbito de modalidade do ensino (educação básica e superior).  Os movimentos junto as unidades escolares e as universidades figuraram como palcos da resistência estudantil e fenômenos de expressões no que tange a contrariedade as políticas educacionais pretendidas pelo Governo Federal. Este trabalho se propõe analisar como se deu a formação do que ficou conhecido como #ocupaunir em seus contornos pedagógicos durante os dias que antecederam, durante e depois dos oito dias de ocupação do espaço administrativo da direção do Campus de Rolim de Moura da Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Objetiva-se neste trabalho refletir como se deu a ocupação em sua dimensão didático-formativa dos acadêmcios (as). Como prósito específico, procurou-se identificar especificidades do movimento enquanto construção coletiva, tendo em vista que o processo de ocupação é um aprendizado para além da sala de aula,  ou seja, promove reflexões,  engaja os envolvidos junto ao contexto político nacional. Se educar é ato político, como demonstrou Paulo Freire, é, na pedagogia da autonomia enquanto formativa, nas produções do saber e no aprendizado  fora e dentro da sala de aula os futuros profissionais da educação encontram campos para pensar o mundo em uma práxis transformadora. A ocupação está para além de momentos isolados, expressa, enquanto formação inicial conjunta a dinâmica de estudar o mundo para além de consumir teorias. Se a universidade não é ilha  e  a formação não é bancária (FREIRE, 2000), movimentos como este são validos e relevantes, atravessam a gênese e continuidade do ser-estar futuro professor, inclusive no âmbito do Programa de Iniciação à Docência – PIBID, que tem como escopo a continuidade discente-docente pibidiano.

Palavras-Chave: Ensino-aprendizagem; Movimento de Ocupação; Formação inicial; PIBID.

 

 

Discursos dos discentes do curso técnico de nível médio em florestas: Construindo conceito sobre leitura

Daianne Severo da Silva (PPGL/UNIR)

 

O incentivo quanto ao ato de ler é importante em qualquer área do conhecimento, seja no ensino regular básico ou superior. É relevante para o processo de letramento junto aos discentes que, independente do componente curricular trabalhado, a leitura seja explorada, valorizando o conhecimento de mundo de todos os sujeitos inseridos no processo. Neste sentido, pretendemos discutir o conceito de leitura, considerando os discursos dos discentes do curso técnico em florestas, na forma subsequente, do Instituto Federal do Amazonas, Campus Humaitá. Este trabalho foi desenvolvido nas aulas de Inglês Instrumental e seu objetivo é, antes de tudo, despertar o interesse dos alunos pela leitura, visto que, significativamente, ler os auxiliaria em todos os outros componentes curriculares, facilitando, ao longo da jornada, a autonomia crítica. Para tanto, nas primeiras aulas de Inglês Instrumental, os discentes foram questionados sobre o conceito de leitura, com posterior discussão a partir dos discursos proferidos por eles. De forma a nos municiarmos para a discussão dos dados coletados, destacamos, dentre os teóricos utilizados, Freire (1981), que traz conceitos importantes quanto ao ato de letrar. A partir da análise dos dados coletados, percebemos a significância de considerar os conhecimentos enciclopédicos trazidos pelos discentes, uma vez que fazendo parte do processo, devem ser tratados como agentes ativos e, também, transformadores do meio em que vivem.

Palavra-chave: Leitura; Letramento crítico; Inglês Instrumental.

 

 

Educação do camponês ingresso e permanência na escola

Auta Pereira Franco (UNIR)

Carina Joice P. Silva (UNIR)

Marcílio Alves Abidias (UNIR)

Kachia Techio (UNIR)

 

Essa pesquisa está em andamento e pretende analisar os motivos que levam os camponeses estudantes da educação do campo a evadir-se da escola ou apresentarem mudanças intermitentes de unidades escolares. A metodologia iniciou com uma pesquisa bibliográfica que alinhou teorias do campo marxista à crítica reprodutiva da exploração capitalista que tem a escola como um dos aparelhos ideológicos para essa reprodução. Em seguida, procedeu-se a aplicação de entrevistas estruturadas por um guia pré-organizado dirigido aos pais dos estudantes e outra dirigida aos estudantes.  Na sequência realizou-se a análise dos discursos coletados (Orlandi,2009). Alguns resultados iniciais revelaram que a questão mais premente do homem, que é o seu sustento, está na ordem das motivações da evasão escolar e das mudanças constantes de escola a que esses estudantes são submetidos por seus próprios familiares.

Palavras-chave: Educação do Campo; camponeses; motivação; evasão escolar.

 

 

Tecnologias e a formação de professores

Ilma Rocha Alves (UNOPAR)

Luciano de Souza Alves (UNIR)

 

Este artigo tem como abordagem as tecnologias e a formação de professores, ele propõe discutir a relevância que as tecnologias no geral e as tecnologias digitais em particular possuem para o aprimoramento da prática docente. Além disso, constam os seguintes pontos: ideias e conceitos, os recursos das novas tecnologias na formação do professor, os impactos na formação, alguns aspectos positivos e negativos e a postura do professor diante das mencionadas tecnologias.

Palavras-chave: tecnologias; formação de professores; novas tecnologias digitais.

 

 

Eixo Temático 02:  Paulo Freire e Cultura e Arte Popular

Coordenadora: Ms. Marcele Regina Nogueira Pereira (UNIR)

 

Ementa: Este eixo está voltado a trabalhos que facilitam a práxis ligada à produção dialógica da cultura, da arte e da comunicação popular; que pensam as relações entre a arte, a comunicação e a transformação social; estudos e relatos de experiência de intervenções artísticas no teatro, artes visuais, dança, música, literatura, festas, cinema, fotografia, arte digital, tecnoxamanismo, performances, instalações, etc.; rádios e TVs comunitárias e livres, rádio arte, cinema popular ou cinema etnográfico, bem como experimentos dialógicos na telefonia, jornal, zines, internet, editoras, museus, e a invenção de novas tecnologias configuradas para a dialogicidade tais como software livre, rádio e TV digital, pirate box, etc. Apresentações de Trabalhos:

 

 

Viajar é preciso, conhecer a história também

Adriane Pesovento (UNIR)

 

O conhecimento e a interpretação da realidade histórica como preleciona Paulo Freire em diversas obras, não se constroem de modo unívoco, os modos de ler, interpretar e mover o mundo, ultrapassam as fronteiras do espaço escolar, e, neste caso os da universidade. O estudo aqui esboçado, diz respeito à investigação participante com ênfase nas experiências com viagens no decorrer de anos dedicados à docência. Visa essencialmente refletir sobre esse instrumento pedagógico como promotor de múltiplas faces de percepções e apreensões de culturas do mundo. Em séculos passados, as viagens, restritas aqueles que tinham alto poder aquisitivo, eram realizadas com o objetivo de ampliar a “cultura erudita” de pessoas abastadas, em especial. A partir do surgimento de energias térmicas, fomentadas pelo modelo industrial e a centralidade do capital, locomotivas e embarcações a vapor dinamizaram os usos dos meios de transporte, por vezes luxuosos e que também atendiam  ao fito de apreciar o exógeno, por vezes confundido com o exótico. Este não tem sido o propósito das viagens de estudo que aqui são problematizadas. Enquanto possibilidade didática, voltada a adolescestes, jovens e adultos tem se mostrado de efeitos múltiplos, que impactam nos modos de ver-viver-sentir o mundo para além das franjas exclusivas do que se encontra teorizado em livros didáticos e acadêmicos. A metodologia (em sua dimensão instrumental) utilizada para a pesquisa vale-se da observação, ações, práticas e interações entre a docente e os(as) discentes entremeadas pelo movimento dos não-lugares da rotina vivida, ou seja, é a partir das circularidades próprias do “sair de casa”, da cidade de origem e do domicílio, e, encontrar-se diante de arquiteturas, ambientes, museus, alamedas, centros, periferias, natureza e histórias é que se pode dar a conhecer as implicações dessa proposta como fenômeno que produz saberes.

Palavras-chave: História; Ensino; Viagens.

 

 

Tributo a Legião Urbana: uma ação de cultura e solidariedade

Alana Nayara Nascimento Souza (UNIR)

Fabíola Santana - Acadêmica (UNIR)

Cynthia Cristina de Morais (UNIR)

 

O Tributo a Legião Urbana é um evento que acontece todos os anos na Universidade Federal de Rondônia, campus Rolim de Moura e que tem por objetivo principal a arrecadação de alimentos não perecíveis para montagem de cestas para as famílias da região. O evento começou com os acadêmicos curso de pedagogia, hoje é organizado pelos acadêmicos do curso de História, que desde o princípio era de caráter social. O pano de fundo do Tributo é tocar músicas da banda Legião Urbana. O evento que além de ser uma expressão cultural é também uma forma de sociabilidade e cooperação entre os envolvidos. Este artigo pretende relatar a dinâmica do Tributo e sua dupla relação cultural e social. Pretende-se ainda, como foco principal do artigo, compreender como o evento é organizado em todas as suas etapas desde o processo de organização até a distribuição dos alimentos.

 

Na mira do cotidiano: uma experiência fotográfica no âmbito do programa de iniciação à docência

Ana Luísa Oliveira Fraga - (UNIR)

Kelvis Pereira de São Paulo - (UNIR)

Neriane Rios Souza - (UNIR)

 

Retalhos do Cotidiano foi uma exposição fotográfica não profissional, realizada pelos bolsistas do Pibid de História. Foram fotografados vários pontos da cidade Rolim de Moura e cidades vizinhas, pelos próprios pibidianos que moram na região. O olhar dos acadêmicos fez-se presente, ao mirar seus cotidianos em uma multiplicidade de perspectivas. Um dos propósitos foi captar a partir dos registros, o ritmo do lugar, o estático e o móvel, o simples e o rebuscado, o antigo e o “moderno” na cidade de Rolim de Moura e outras “vizinhas”. Este trabalho tem como objetivo investigar, pensar e apresentar resultados parciais da experiência proporcionado pelo ensaio. Ruas, casas, pessoas caminhantes, árvores, pichações, cemitério, centro e periferia, feira livre e a própria universidade compuseram o acervo de olhares dos discentes. A exposição aconteceu na feira livre, no dia 3 de Dezembro de 2016. Sacolas nas mãos, passo lento ou apressado, entre cheiros, sabores e aromas do campo na cidade, fez-se cultura e saberes, trocas de experiências com os transeuntes que paravam e buscavam também em suas memórias vividas imagens que os aproximassem do que viam. Conversas sobre “lugares”, dizeres sobre o viver, são searas que o artigo aborda. Serviu para que o olhar acadêmico, dedicado ao comum, ao imperceptível frente a rotina veloz que a todos toma, fosse ressignificado. Como metodologia, pode-se destacar que previamente foram realizados debates e leituras a respeito do assunto. Vale ressaltar que nenhum dos participantes são fotógrafos profissionais ou possuíam equipamentos avançados, a maior parte usou câmeras de celular, pois a intenção foi ter uma experiência de como o projeto pudesse ser realizados por alunos da educação básica. Por meio de ensaios fotográficos seria possível os alunos perceberem-se como seres sociais e históricos como destaca Paulo Freire (FREIRE, 1996).É possível que em tempos de mídias avançadas, de tecnologias digitais, de provisoriedade de tudo, ainda haja espaço para as sensações e saberes que o mundo tem a oferecer, apropriar-se dos recursos como celulares e máquinas fotográficas tão usuais entre estudantes e ensejar uma polissemia de usos para uma pedagogia da esperança é a principal lição aprendida.

Palavras-chave: Experiência acadêmica; Cotidiano; Perspectivas.

 

 

Projeto Sinfonia na Floresta “uma forma de prevenir, resgatar e educar através da musicalização”

Daniel de Araújo Damasceno (FAB/Conservatório Estadual de Musica Renato Fratesck) Joyce Caridade Maquiné (UEA)

 

A etnomusicologia tem expandido as perspectivas do estudo da música, mostrando a necessidade de compreendermos não somente como expressão cultural, mas também como fenômeno de grande influência na vida social e de profundas implicações na experiência de viver em coletividade, percebendo isso o Sinfonia na Floresta com o tema “Uma forma de prevenir, resgatar e educar através da musicalização” atua há 5 anos no município de Borba-AM, como uma alternativa eficaz para crianças e adolescentes que se encontram num conjunto de vulnerabilidades sociais, possibilitando a sociabilização, qualificação técnica músico profissional, através do aprendizado, da apreciação e execução musical de instrumentos eruditos tais como: violino, violoncelo, piano, flautas, saxofone, tuba etc. Como um método de produzir e disseminar o conhecimento, o Sinfonia na Floresta tornou-se um instrumento indispensável para o compartilhamento da produção da educação, contribuindo na construção da identidade individual e social, fortalecendo o trabalho socioeducativo desenvolvido nos serviços do CREAS do município. Destaca-se a relevância de exercitar o protagonismo infanto-juvenil, ao observar in loco os resultados positivos como, os usuários do projeto cursando a universidade federal e ingressando nas forças armadas para área de música como opção para ascensão social e qualidade de vida. Uma das principais características do Sinfonia na Floresta é ser articulador de políticas públicas, o projeto ganhou mais capilaridade, ampliando seus serviços dentro da Secretaria Municipal de Cultura, coordenando o grupo reflexivo para homens autores de violência e o grupo de pessoas com deficiência, fomentando a inclusão social e principalmente a musicalização como processo socioeducativo.

Palavras-chave: Sinfonia na Floresta; Musicalização; Políticas Públicas; Vulnerabilidade Social; Socialização.

 

 

O grito do punk rock: um estudo de sua dimensão educativa

Hinglidy Nayara Marques Souza (UNIR)

Wander Scalfoni de Melo (UNIR)

 

Este estudo é parte das realizações desenvolvidas no âmbito do Programa de Iniciação à Docência, enquanto tal, encontra-se em fase de levantamento da literatura acerca desse gênero musical e suas interfaces com o fazer pedagógico endógeno aos apreciadores do estilo Punk Rocke vertentes relacionadas ao ensino da história. A música é uma ferramenta relevante para que os alunos saibam e compreendam os acontecimentos históricos. A música está ligada aos comportamentos dos seres humanos como reflexo do pensar de quem as compõe e isto acaba por ser absorvido a práxis. Os diversos gêneros musicais são capazes de formar grupos, muitas vezes produzindo, outras compartilhando ideologias que são reproduzidas e disseminadas através das canções e dos movimentos culturais em que estão inseridas. O Punk Rocktomou proporções e características bem próprias no Brasil, toda a rebeldia expressa pelos Punks faz pensar sobre ele como questionador do modelo vigente na sociedade capitalista. Entre as fontes consultadas destacam-se documentários, artigos, livros, canções e obras que tratam do assunto. Ao aprofundar no assunto, estabelecendo pontes com a sala de aula é possível tanto aprofundar noções e conceitos sobre dados momentos passados-presentes, mas também levar para a experiência pedagógica essa vertente como instrumento da aprendizagem. A atualidade do ensino exige outras perguntas, mas também outras respostas, nesse sentido, a música pode apresentar-se como possibilidade de pensar o mundo, em especial, nos finais da educação básica, ou seja, adotar a característica contestadora dos secundaristas, aliando a proposta musical punk rock como vieses para ensinar-aprender sobre a história. Para melhor desenvolvermos este trabalho nos apoiamos em autores como: J. Jota de Moraes, 1983; T. Adorno, 2011; Paulo Freire, 2002.

Palavras-chave: Punk Rock; Música; Ensino.

 

 

Prática de religiosidade afrobrasileira em Rolim de Moura: uma expressão cultural de resistência

Kímberly Taynara de Melo Caetano (UNIR)

Tatielly Angelina Pires (UNIR)

 

O trabalho tem por objetivo compreender a pratica da religiosidade afrobrasileira no município de Rolim de Moura para o fortalecimento da cultura desses povos na região. Essas expressões  da religiosidade representam momentos de vida e de encontro com o transcendental, em que se compartilham sentimentos de tristezas, decepções, felicidades, ansiedade, amor e solidariedade com os pares negros e que nesse meio também há espaço para os brancos e todos os povos que possam reunir-se ao redor dessa força. Em geral é um momento de encontro com o divino e o sagrado. O texto resulta de uma pesquisa em andamento do Programa de Iniciação à Pesquisa (PIBIC) sob a orientação do Prof. Nelbi Alves da Cruz e o Prof. Everaldo Lins de Santana e está sendo realizada um estudo de caso, com a abordagem sociohistórica, tendo como instrumento a entrevista semiestruturada e a observação participante, envolvendo os praticantes das religiões e cultos de matriz africana  que ainda resistem em Rolim de Moura. Após a organização e sistematização das informações será feito a análise dos conteúdos  expresso nas vozes e gestos vistos e observados nos cultos e outras práticas de religiosidade popular mais usualmente  feita dos povos negros.  Os resultados parciais indicam que essa cultura está perdendo espaço cada dia mais para o cristianismo.

Palavras-chave: Religiosidade afro-brasileira; .Cultura; Resistencia; Camponeses.

 

Sociodrama e educação: uma ação prática de liberdade e protagonismo de jovens na educação básica

Maria da Anunciação P. Barros Neta (UFMT)

Yandra de Oliveira Firmo (UFMT)

 

O trabalho intenta compreender como o sociodrama pode contribuir para a autonomia, consciência crítica e protagonismo de jovens alunos na práxis pedagógica no ambiente escolar. A reflexão se da a partir da pesquisa de doutoramento em Educação, por meio da intervenção prática e compreensão bibliográfica fundamentada no ideário de uma pedagogia como Prática de Liberdade de Paulo Freire e o método sociodramatico de Jacob Levy Moreno.

Palavras-chave: Sociodrama, Educação Básica, Prática de Liberdade

 

A partilha de experiências: um estudo sobre fazer, viajar e aprender sobre o passado

Mateus Leonardo Cassimiro Vasconcelos (UNIR)

Micaelly Jotaene de Lima (UNIR)

 

Buscando agregar os conhecimentos adquiridos na universidade e na educação institucionalizada de forma geral, por meio do projeto Viaje na História, criado pelo Departamento de História do Campus de Rolim de Moura em conjunto com o Laboratório de História, através da visão freiriana presente na obra “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa” esta produção textual tem como objetivo estabelecer uma conexão entre vida escolar e vivência empírica extra sala de aula. A partir das experiências obtidas na viagem ao estado do Mato Grosso, tendo como destino os municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade, Cáceres, Cuiabá e Chapada dos Guimarães procura-se salientar a importância da correlação entre teoria e prática do ensino, visando as manifestações da regionalidade que formaram a identidade local e os saberes populares transpassados no decorrer dos movimentos socioculturais onde as práticas dialógicas construíram a herança etnográfica mato-grossense. O viés teórico do trabalho fundamenta-se na crítica de Paulo Freire à prática do ensino bancário, que apenas “injeta” o conhecimento nos alunos e não desperta o interesse pelo mesmo, como uma forma mecanicista de ensino-aprendizagem, restringindo os horizontes de perspectiva do discente, deixando lacunas em seu processo de formação. Por intermédio de diálogos com a comunidade local e da observação dos elementos histórico-culturais presentes no espaço geográfico das imediações percebe-se a presença da importância da utilização da História Oral em um contexto de valorização da educação não-formal como instrumento de disseminação do saber popular em consonância com o pensamento freiriano de representatividade da identidade regional correlacionada à prática do ensino pedagógico.

Palavras-Chave: Vivência. Conhecimento. Cultura. Ensino-aprendizagem.

 

 

A presença de Paulo Freire nas canções do MST

Matilde de Oliveira de Araújo Lima  (FIOCRUZ/UFRJ)

José Pinto de Lima (MST)

Moara de Araújo Pinto (UNIR)

 

Ao longo da história do MST, a música foi sempre assumida como um instrumento de comunicação, mobilização e animação para as lutas. Emancipatória por si só, a música como arte tem capacidade de humanizar o ser humano; e no cotidiano da luta, cumpre o papel de revelar criticamente a realidade, desvelar as contradições, apresentar as pautas imediatas da organização e aproximar o sujeito dos sonhos e do projeto de futuro, sendo por isso, intencionalmente incentivada e praticada nos processos de educação e formação da coletividade. Entende-se que a música não é um mero objeto de entretenimento, como muitas vezes o sistema nos quer fazer crer; ela sempre cumprirá um papel de formação cultural do sujeito para sua libertação ou para manutenção do status quo. As canções compostas no interior do MST têm procurado refletir os desafios do momento político vivido pela organização e a responder às demandas das diferentes ações cotidianas, na produção, na formação humana e na construção do projeto cultural do MST enquanto parte da classe trabalhadora. Reforçar a ideia de que todos os seres humanos têm o direito de produzir e acessar bens culturais. Muitas canções revelam a concepção e os fundamentos da Pedagogia do Movimento, que tem como uma de suas fontes a Pedagogia do Oprimido. Neste trabalho, o desafio é apresentar algumas das canções, compostas em diferentes momentos das lutas e das ações educativas do MST, onde aparecem de forma direta o legado de Paulo Freire, sua teoria e prática e como essa experiência com a música tem potencializado o processo de inserção, emancipação e formação de novos sujeitos.

Palavras-chave: Cultura; MST; Música; Pedagogia do Oprimido.

Pluralidade cultural na colonização amazônica: quando a cultura da dor aparenta ser a máxima nas políticas indígenas do SPI

Nágila Nerval Chaves  (UNIR)

 

Estudar a cultura seja em qualquer tempo ou espacialidade é tarefa sempre muito complexa, não seria diferente no que tange a colonização amazônica. Nesse pequeno ensaio pretende-se discutir de que modo a perspectiva eurocentrada de inclusão dos povos ameríndios à sociedade Nacional (pacificação) afetou os povos indígenas, não apenas no que tange ao viés econômico e de sobrevivência dos povos (em especial da 9ª Inspetoria Regional do Serviço de Proteção ao Índio – SPI de Guajará Mirim), mas também no que diz respeito a toda a cosmologia indígena que relaciona-se à cultura indígena em que não há distinção entre a vida e a cultura material e outras dimensões dos saberes-fazeres no dia a dia. Para auxiliar na problematização e compreensão do acima exposto adota-se as fontes documentais da 9ª. IR (Telegramas e Correspondências oficiais), registros depositados no acervo do Museu do Índio da Fundação Nacional do Índio - FUNAI da cidade do Rio de Janeiro (RJ) e políticas indígenas que visavam a integração do indígena nas modalidades de trabalho nacional e o resultado desse em proveito da sociedade envolvente e também o descaso em relação à saúde que é desvelado nos pedidos de socorro para trataras doenças como: sarampo, impaludismo (tuberculose) que assolaram as etnias indígenas em vários postos do SPI, além da resistência indígena percebida em especial por meio das correspondências via telegramas.

Palavras-chave: Colonização Amazônica; Cultura indígena; Doenças tropicais; Pacificação.

 

 

Palavras afrobrasileira em Rolim de Moura: visibilidades de uma cultura silenciada

Aline Cristine dos Santos (UNIR)

Kimberly Taynara de Melo Caetano (UNIR)

 

A linguagem é um dos principais elementos da cultura de um povo, na medida em que expressa a vida, a comunicação e o trabalho vivencial das pessoas. O direito de dizer a palavra e conhecer seu significado pode ser silenciado e apagado por gerações para manter um povo cativo e adormecido. Este trabalho tem como proposta refletir sobre os termos linguísticos mais comuns utilizados pela população rolimourense para expressar-se utilizando-se de palavras de matriz africana. O texto resulta de uma pesquisa em andamento do Programa de Iniciação à Pesquisa (PIBIC), sob a orientação dos Professores Nelbi Alves da Cruz e Everaldo Lins Santana, em que está sendo feito um estudo de caso e uma abordagem sociohistórica. Os instrumentos utilizados são a entrevista e a observação dos dizeres-saberes de camponeses negros do município de Rolim de Moura, sendo feita a análise do discurso presente no falar das pessoas pesquisadas. Os resultados parciais indicam que há um desconhecimento quase que generalizado das palavras que são comumente usadas no cotidiano da população rolimourense de origem afro, nem tampouco o seu significado, como é o caso de macumba, vista de forma preconceituosa e discriminatória. Outro aspecto percebido foi que ao tomar conhecimento do significado original da palavra como sendo de matriz africana o falante passa a valorizar mais sua cultura e negritude.

Palavras chave: Linguagem; Cultura afro-brasileira; Camponeses; Palavras.

 

 

Eixo Temático 03:  Paulo Freire e Educação Popular 

Coordenadores/as: Prof Dr  Nelbi Alves Cruz (UNIR) e Profª Drª Lucinete Gadelha da Costa

 

Ementa: Refletindo sobre o entendimento dos conceitos e significados da Educação Popular e sua relação com os movimentos sociais e o ensino público. Com ênfase nos estudos de Paulo Freire sobre o currículo escolar, este eixo pretende ser um espaço para refletir a formação continuada de educadores numa perspectiva da Educação Popular, buscando pensar sistematicamente os problemas que perpassam os conteúdos necessários para a construção dos saberes que estruturam a nossa prática pedagógica enquanto educadores e educadoras. 

 

 

Educação e transformação: um estudo acerca dos relatos das discentes do curso de Serviço Social da Faculdade Salesiana Dom Bosco na cidade de Manaus Amazonas

Célia Maria Nascimento de Oliveira (CRESS\AM|RR) 

Maria Raimunda Nascimento de Oliveira (CRAS/AM)

 

Esse trabalho tem como objetivo apresentar a temática educação e transformação: um estudo acerca dos relatos das discentes do curso de Serviço Social da Faculdade Salesiana Dom Bosco na cidade de Manaus Amazonas, enfatizando a educação como finalidade primordial para que as mulheres possam obter a concepção de que somente com o aprendizado é que se evidenciará melhor conhecimento como indivíduo preparado para fazer parte de uma sociedade de bem. Onde se pontua as várias transformações educativas, com suas inúmeras buscas para que possam obter melhor conhecimento com uma graduação, para que essas mulheres se sintam realizadas e consigam alcançar seus objetivos, tanto profissionais, como financeiro. As políticas públicas que fundamenta a temática servirá de empoderamento constante para regulamentar seus direitos constituídos, pela Constituição Brasileira e pela Leis de Diretrizes e Bases da Educação. A metodologia embasada no presente trabalho foi à pesquisa bibliográfica e participativa, destacando as Leis que regulamentam com empoderação a efetivação da das várias formas de inserção ao ensino, sobretudo ao ensino superior, assim como também, a trajetória histórica da Faculdade Salesiana om Bosco em parceira com as formas de inserção a educação.

Palavras-chave: Educação; Políticas Públicas; Formas de Inserção na Educação.

 

 

Pais e filhos letrados

Sarah Eliana Souza Arruda (SEDUC/AM)

Cynara Miranda da Silva (SEDUC/AM)

Cynthia Maria Bindá Leite (SEDUC/AM)

 

O presente Projeto parte do princípio básico que os cidadãos têm direito à educação e que a família tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual do aluno. A partir desta premissa observou-se a falta de acompanhamento de alguns pais do 4º ao 7º ano quanto ao auxílio nas atividades escolares. Diante desta problemática, a gestão da Escola Estadual Belarmino Marreiro, com o auxílio do corpo docente e administrativo da escola, propôs a implantação do projeto “Pais e Filhos Letrados”. O ponto de partida foi auxiliar os pais quanto ao acompanhamento dos próprios filhos, posteriormente, a discussão sobre a importância da vida ativa e participativa na sociedade em que estão inseridos e a diferença entre Alfabetização para a vida e letramento. Após a implantação, observou-se o resgate da autoestima dos pais e participação mais efetiva na comunidade, inserção na sociedade, dentre outros. A pesquisa em pauta teve como base a linha pedagógica de Educação Popular pautada em Paulo Freire, principalmente no contexto educação para a vida considerando o público alvo da educação de jovens e adultos. Numa abordagem qualitativa, como instrumento central de investigação, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os alunos a aplicação de questionário aberto (verbal) para os pais, alunos e corpo técnico administrativo da escola, a pesquisa e revisão bibliográfica, gravação de vídeos, pesquisa no banco de dados sobre o analfabetismo. A realização da pesquisa permitiu, assim, a implantação do Projeto que iniciou em 2016 com 13 alunos e alunas inicialmente, tendo como proposta a expansão para outras coordenadorias da capital e interior. Com menos de um ano de implantação observou-se alunos mais envolvidos nas atividades escolares, pais de alunos com interação direta com a escola e melhoria no rendimento e relacionamento entre professor, pais e alunos.

Palavras-chave: Alfabetização; letramento; Educação popular; Jovens e adultos.

 

 

O professor de História: um estudo sobre a diversidade cultural na sala de aula

Valdeir Junior L. Dutra Garcia (UNIR)

 

Este texto é resultado de pesquisa bibliográfica, apresentando resultados parciais sobre as percepções do professor do ensino de História em sala de aula sobre a diversidade cultural, em que uso como autores referenciais Déa Fenelon (2009) e Paulo Freire (1987). Um desafio posto para os responsáveis na formação do professor de História durante a graduação e que merece ser pensado, diz respeito aos elementos constitutivos da experiência ou variedades de ferramentas metodológicas, bem como práticas pedagógicas adequadas para exercer a docência com responsabilidade e resultados que promovam a aprendizagem. Nos entrelaces que fazem o cotidiano escolar, percebe-se que na prática docente do ensino de história, o professor é o responsável por estimular os alunos para que interroguem o seu presente, e a partir de suas inquietações se debrucem a conhecer o passado. O interessante para o professor de História é provocar e auxiliar os alunos a construírem a transformação de seu presente. Este pensamento traz elementos que possibilitam perceber forças culturais importantes como a vida em família, hábitos e costumes de grupos sociais, devoção religiosa, bem como o peso que se tem cada um destes elementos nas culturas que se constroem ou até mesmo as que estão sendo negadas ou pouco valorizadas no presente pelos mais jovens. A forma como este aluno se colocará frente ao mundo e seus ideais, refletirá em seu comportamento social nos grupos dos quais participa. O ensino de História em sala de aula precisa de um olhar aguçado do professor para o dia a dia e a vida social. Os resultados o direciona sobre em como trabalhar com seus alunos, sempre considerando suas particularidades.

Palavras-chave: ensino de história; diversidade cultural; construção do presente.

 

 

Sociodrama e Educação: Uma ação prática de liberdade e protagonismo de jovens na Educação Básica

Yandra de Oliveira Firmo (PPGE/UFTM)

 

O trabalho intenta compreender como o sociodrama pode contribuir para a autonomia, consciência crítica e protagonismo de jovens alunos na práxis pedagógica no ambiente escolar. A reflexão se dá a partir da pesquisa de doutoramento em Educação, por meio da intervenção prática e compreensão bibliográfica fundamentada no ideário de uma pedagogia como Prática de Liberdade de Paulo Freire e o método sociodramático.

Palavras-chave: Sociodrama; Educação Básica; Prática de Liberdade.

 

 

Produção audiovisual: construindo práticas libertárias na educação básica

Yandra de Oliveira Firmo (UFMT)

Gilson Moraes da Costa (UFMT)2

Yrla Braga Moura (UFMT)

 

Através da perspectiva da Educomunicação, aqui entendida como um conjunto de atividades voltadas para o conhecimento do uso dos meios de comunicação e alinhadas à prática da cidadania (SORAES, 2004), este artigo desenvolve uma reflexão sobre as contribuições do cinema e do vídeo enquanto linguagens e tecnologias auxiliares no processo pedagógico do ensino regular. Adotou-se como território de pesquisa, o cotidiano de duas turmas do ensino médio da Escola Estadual Irmã Diva Pimentel, em Barra do Garças, no estado de Mato Grosso. O processo de investigação contemplou um conjunto de oficinas de produção audiovisual ministradas aos alunos participantes, tendo como resultado a produção de três curtas-metragens, sendo um do gênero documentário e dois ficcionais. Durante esta fase, os alunos formaram equipes distintas, foram desafiados a desenvolver os roteiros das narrativas e tiveram acesso às técnicas e tecnologias de vídeo, como câmeras e gravadores de áudio. As atividades foram desenvolvidas no interior da sala de aula, sempre acompanhadas por professores e monitores. Por meio destas produções e fazendo uso das metodologias presentes na pesquisa participante, esta experiência constatou que é possível aliar ao ensino tradicional, dinâmicas educacionais mais prazerosas e participativas que, além do saber não-formal, possibilitem também experiências sócio cognitivas levando os estudantes a refletirem sobres questões que envolvam sua sociabilidade, estimulando o protagonismo de suas ações. Este artigo sustenta que o diálogo entre a teoria Freireana e as potencialidades de ações educomunicativas, através do domínio de diferentes linguagens e tecnologias, pode ser uma ferramenta de mudança e integração social em que diversos sujeitos, em um determinado ambiente, podem ter participação ativa em um processo de ensino e aprendizagem que busca inovar em suas metodologias ao inserir a comunicação na centralidade do processo. Este cenário pode contribuir para a construção de uma educação libertária e para uma pedagogia como prática de liberdade distanciando de paradigmas opressores no cotidiano escolar.

Palavras-chave: Educomunicação; Educação básica; Pedagogia do oprimido.

 

Eixo Temático 04:  Paulo Freire e Movimentos Sociais 

Coordenadora: Profª Drª Rita de Cássia Machado (UEA/AM)


Ementa: Este eixo do Fórum Paulo Freire busca dialogar com os Movimentos Sociais e Populares bem como os estudos de classe social, trabalho e emancipação humana. Pretende-se trazer as questões atuais discutidas e experienciadas pelos diversos Movimentos, num movimento de anúncio e denúncia visando dialogar com as diversas especificidades da região. 

Educação Popular: emancipação das mulheres da floresta na região do Médio Juruá

Gilza Batista da Silva

Rosi Batista da Silva (MPGAP/INPA)

Maria Lionilde G. de Souza

 

Os processos históricos demonstram através dos fatos cotidianos, que o indivíduo como ser pensante detentor de saberes, é posto à margem da sociedade, desvalorizado por uma estrutura de sistema autoritário e controlador – que o transforma e o subjuga a mero seguidor de ideias da classe dominante. O trabalho de educação popular com raízes nos conhecimentos teóricos e práticas dos povos direciona para uma leitura da realidade, onde mulheres sejam protagonistas de sua história. Nesse contexto, a ênfase para a mulher da floresta com desafios de sobrevivência, luta por espaço e garantias de direitos, sobrepujante a essa cultura de submissão ao sexo masculino. Uma mulher com raízes e organizada tem domínio de suas decisões, e de determinar as ações dos seus descendentes, opinando sobre a vida que deseja viver. A experiência envolve mulheres residentes nas UCs Resex do Médio Juruá (Federal) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Estadual), localizadas na região do Médio Juruá, no Sudoeste Amazonense, município de Carauari, 2009 - 2015. Sua população descendente de seringueiros vive de atividades extrativistas. Assim, nasceu o apoio a organização das mulheres, que buscam e propõe soluções para as questões de gênero, sociais e ambientais. Contudo, a história dos movimentos das mulheres feministas no mundo registra fatos marcantes em busca da emancipação, e conquista dos direitos sociais essenciais, como educação, saúde, o direito de votar e ser votada. O presente artigo tem a finalidade de divulgar uma experiência de Educação Ambiental com mulheres, expondo o processo de articulação e gestão participativa nas atividades para as mulheres, bem como o envolvimento nas ações da juventude, promovendo o debate de gênero, saúde, etnia, mercado, produção, educação e conservação do ambiente.

Palavras-chave: Mulheres; Gestão; Educação Ambiental; Floresta.

 

 

Promotoras Legais Populares de Careiro - as novas Ykamiabas

Joyce Caridade Maquiné (Promotora Legal Popular – SEMEC/Borba/AM)

Heidy Anny Nogueira do Nascimento (Promotora Legal Popular – SEMPM/Careiro/AM)

Marciana Souza da Silva (Promotora Legal Popular – SEMPM/Careiro/AM)

 

A militância feminista no interior amazônico tem sido fortalecida através dos conselhos, fóruns e coordenadorias, mas o estopim para o despertar da causa feminista na região norte, são os movimentos de mulheres, que mostram organização nas lutas sociais para consolidação de seus direitos. As Promotoras Legais Populares são um exemplo eficaz de empoderamento individual e coletivo, desde a sua formação no município de Careiro/AM, se tornaram um grupo articulador e participativo na política social, um movimento reconhecido através de suas ações, agregando não só mulheres, mas a família como um todo para lutar pela qualidade de vida. A experiência adquirida ao longo desses três anos serviu como refinamento e visão crítica apurada quando se aborda assuntos de políticas específicas, tais como políticas públicas para mulheres, políticas de gênero e política assistencial e toda forma de combate à violência. Uma das principais características das promotoras é atuar como movimento articulador entre as políticas públicas, além de serem propagadoras de ações como o I Fórum de Políticas para Mulheres um evento fundamental que reuniu as mulheres careirenses para dialogar sobre a importância da mulher na sociedade, também fomentadoras de projetos como o Cada Ponto Um Conto Tecendo Histórias e o ROSA Regando Saberes, que juntamente com outras entidades parceiras trabalham em prol do empoderamento social. Uma das conquistas mais notórias do movimento de mulheres das promotoras legais populares de Careiro, pela emancipação de seus direitos é a representação atualmente em cargos de gestão na Secretaria de Assistência Social e na Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulheres.

Palavras-chave: Promotoras Legais Populares de Careiro; Empoderamento; Políticas Públicas.

 

 

A escola e construção da desigualdade através do sexismo

Vanessa Gil (UNISINOS)

Ezequiel de Souza (IFAM)

 

As Regras Gramaticais de Conveniência.

- Professora, como se forma o feminino?

- É fácil: as palavras que terminam em “o” se troca essa letra por “a”.

- Professora, e o masculino?

- O masculino não se forma! Existe!!! (Manual para o uso não sexista da linguagem) O presente artigo busca discutir as implicações da linguagem sexista na educação escolar. Parte-se da crítica aos argumentos que colocam na escola a responsabilidade de resolver, sozinha, os problemas sociais.  Em seguida, discutem-se os limites de uma educação escolar que reproduz a divisão sexual do trabalho, o patriarcado e, através da linguagem, forma e reforça hierarquias entre homens e mulheres e naturaliza desigualdades historicamente construídas.  A prática educativa é discutida através de exemplos empíricos, buscando caminhos para uma educação que contemple a busca de uma sociedade igualitária. Por fim, conclui-se apontando para a necessidade da educação crítica capaz de fragilizar o capitalismo patriarcal.

Palavras Chave: Linguagem Sexista; Patriarcado; Educação; Trabalho.



Eixo Temático 05:  Paulo Freire e Feminismos

Coordenadoras: Profª Drª Amanda Motta Castro (FURG/RS) e Profª Drª Dilnéia Rochana Tavares do Couto (UEAP)


Ementa: Este eixo busca dialogar com os Movimentos de Mulheres bem como com os Estudos Feministas. Abordaremos aqui questões sobre a educação formal e não formal, trabalho, arte, violência e saúde articulando a Educação Popular e os Estudos Feministas visando assim estabelecer um diálogo entre eles bem como incentivar processos emancipatórios das mulheres. 

Educação Popular: emancipação das mulheres da floresta na região do Médio Juruá
Gilza Batista da Silva 
Rosi Batista da Silva (MPGAP/INPA)
Maria Lionilde G. de Souza

Os processos históricos demonstram através dos fatos cotidianos, que o indivíduo como ser pensante detentor de saberes, é posto à margem da sociedade, desvalorizado por uma estrutura de sistema autoritário e controlador – que o transforma e o subjuga a mero seguidor de ideias da classe dominante. O trabalho de educação popular com raízes nos conhecimentos teóricos e práticas dos povos direciona para uma leitura da realidade, onde mulheres sejam protagonistas de sua história. Nesse contexto, a ênfase para a mulher da floresta com desafios de sobrevivência, luta por espaço e garantias de direitos, sobrepujante a essa cultura de submissão ao sexo masculino. Uma mulher com raízes e organizada tem domínio de suas decisões, e de determinar as ações dos seus descendentes, opinando sobre a vida que deseja viver. A experiência envolve mulheres residentes nas UCs Resex do Médio Juruá (Federal) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Estadual), localizadas na região do Médio Juruá, no Sudoeste Amazonense, município de Carauari, 2009 - 2015. Sua população descendente de seringueiros vive de atividades extrativistas. Assim, nasceu o apoio a organização das mulheres, que buscam e propõe soluções para as questões de gênero, sociais e ambientais. Contudo, a história dos movimentos das mulheres feministas no mundo registra fatos marcantes em busca da emancipação, e conquista dos direitos sociais essenciais, como educação, saúde, o direito de votar e ser votada. O presente artigo tem a finalidade de divulgar uma experiência de Educação Ambiental com mulheres, expondo o processo de articulação e gestão participativa nas atividades para as mulheres, bem como o envolvimento nas ações da juventude, promovendo o debate de gênero, saúde, etnia, mercado, produção, educação e conservação do ambiente.
Palavras-chave: Mulheres; Gestão; Educação Ambiental; Floresta.


Promotoras Legais Populares de Careiro - as novas Ykamiabas
Joyce Caridade Maquiné (Promotora Legal Popular – SEMEC/Borba/AM)
Heidy Anny Nogueira do Nascimento (Promotora Legal Popular – SEMPM/Careiro/AM)
Marciana Souza da Silva (Promotora Legal Popular – SEMPM/Careiro/AM)

A militância feminista no interior amazônico tem sido fortalecida através dos conselhos, fóruns e coordenadorias, mas o estopim para o despertar da causa feminista na região norte, são os movimentos de mulheres, que mostram organização nas lutas sociais para consolidação de seus direitos. As Promotoras Legais Populares são um exemplo eficaz de empoderamento individual e coletivo, desde a sua formação no município de Careiro/AM, se tornaram um grupo articulador e participativo na política social, um movimento reconhecido através de suas ações, agregando não só mulheres, mas a família como um todo para lutar pela qualidade de vida. A experiência adquirida ao longo desses três anos serviu como refinamento e visão crítica apurada quando se aborda assuntos de políticas específicas, tais como políticas públicas para mulheres, políticas de gênero e política assistencial e toda forma de combate à violência. Uma das principais características das promotoras é atuar como movimento articulador entre as políticas públicas, além de serem propagadoras de ações como o I Fórum de Políticas para Mulheres um evento fundamental que reuniu as mulheres careirenses para dialogar sobre a importância da mulher na sociedade, também fomentadoras de projetos como o Cada Ponto Um Conto Tecendo Histórias e o ROSA Regando Saberes, que juntamente com outras entidades parceiras trabalham em prol do empoderamento social. Uma das conquistas mais notórias do movimento de mulheres das promotoras legais populares de Careiro, pela emancipação de seus direitos é a representação atualmente em cargos de gestão na Secretaria de Assistência Social e na Coordenadoria Municipal de Políticas para Mulheres. 
Palavras-chave: Promotoras Legais Populares de Careiro; Empoderamento; Políticas Públicas.


A escola e construção da desigualdade através do sexismo
Vanessa Gil (UNISINOS)
Ezequiel de Souza (IFAM)

As Regras Gramaticais de Conveniência. 
- Professora, como se forma o feminino? 
- É fácil: as palavras que terminam em “o” se troca essa letra por “a”. 
- Professora, e o masculino? 
- O masculino não se forma! Existe!!! (Manual para o uso não sexista da linguagem) O presente artigo busca discutir as implicações da linguagem sexista na educação escolar. Parte-se da crítica aos argumentos que colocam na escola a responsabilidade de resolver, sozinha, os problemas sociais.  Em seguida, discutem-se os limites de uma educação escolar que reproduz a divisão sexual do trabalho, o patriarcado e, através da linguagem, forma e reforça hierarquias entre homens e mulheres e naturaliza desigualdades historicamente construídas.  A prática educativa é discutida através de exemplos empíricos, buscando caminhos para uma educação que contemple a busca de uma sociedade igualitária. Por fim, conclui-se apontando para a necessidade da educação crítica capaz de fragilizar o capitalismo patriarcal. 
Palavras Chave: Linguagem Sexista; Patriarcado; Educação; Trabalho.
 

Eixo Temático 05:  Paulo Freire e Feminismos

Coordenadoras: Profª Drª Amanda Motta Castro (FURG/RS) e Profª Drª Dilnéia Rochana Tavares do Couto (UEAP)


Ementa: Este eixo busca dialogar com os Movimentos de Mulheres bem como com os Estudos Feministas. Abordaremos aqui questões sobre a educação formal e não formal, trabalho, arte, violência e saúde articulando a Educação Popular e os Estudos Feministas visando assim estabelecer um diálogo entre eles bem como incentivar processos emancipatórios das mulheres. 

A experiência do Projeto Mulheres Mil no Instituto Federal do Paraná: Educação popular, cidadania e empoderamento feminino

Joel Júnior Cavalcante (IFPR)

 

O presente relato aborda a experiência do “Projeto Mulheres Mil-Educação, Cidadania e Sustentabilidade”, desenvolvido no ano de 2013 no Instituto Federal do Paraná- Campus Telêmaco Borba. O projeto Mulheres Mil começou a ser desenvolvido no ano de 2011, pelos Institutos Federais de Ciência e Tecnologia, sendo parte das ações do Programa Brasil Sem Miséria do governo federal. A ideia foi importada do Canadá pelos colleges canadenses, implantado inicialmente nas regiões norte e nordeste do Brasil, logo se expandiu para outras regiões do país. Como projeto de extensão objetiva a formação e capacitação de mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social, sobretudo em espaços mais carentes. Nesse contexto, atua como política que busca possibilitar a capacitação técnica, formação profissional, aumento da escolaridade, acesso ao emprego, mas principalmente a valorização da mulher, enfatizando a noção de gênero. Auxiliando essas estudantes a tornarem-se sujeitas de suas trajetórias. Problematizando a questão da identidade feminina frente aos fortes elementos patriarcais que são sujeitas.  Como docente da instituição, tive o prazer de coordenar esse projeto emancipador.

O programa se desenvolveu no segundo semestre de 2013 na cidade de Telêmaco Borba. A cidade, de 70 mil habitantes, localizada na região centro-oriental do Paraná, situada a 250 km de Curitiba, alberga um importante polo industrial de papel e celulose, sendo o 6* maior do mundo e o maior da América Latina no setor. O município “acontece” nos entornos da fábrica, com precário desenvolvimento social, má formação urbana e índices de desenvolvimento humano e violência alarmantes. A vocação fabril da cidade atrai uma população majoritariamente masculina,  esses são os atores sociais que estão à frente dos principais postos de trabalho, detendo o domínio econômico, entre outras variáveis que culminam nas fortes relações patriarcais.  A cidade já esteve na 44* posição do ranking de violência contra a mulher no Brasil (CEBELA-Mapa da Violência contra Mulheres, 2014). É nesse cenário problemático e desafiador que desenvolvemos o Projeto Mulheres Mil, com resultados fantásticos que pretendemos compartilhar no fórum.

Palavras-chave: Educação; Identidade; Violência contra a mulher.

 

 

Fiu, fiu não é elogio: assédio sexual contra mulher nos espaços públicos e suas implicações na saúde da vítima

Keth Raianny Braz Prestes (UNINORTE)

 

O presente artigo tem como objetivo analisar o assédio sexual dos homens ás mulheres nos espaços públicos bem como suas implicações na saúde da vítima.  Trata-se de um estudo qualitativo de natureza exploratória, através do método de pesquisa literária, realizado em fontes de dados eletrônicos (scielo, planalto, Google), revistas, livros e acervo da biblioteca local.  Foram encontrados 20 artigos, 02 livros, 03 revistas, que abordaram esta temática como eixo principal (assedio sexual, mulher e saúde), tanto em língua portuguesa como em língua inglesa. Destes foram utilizados 13 nacionais e 02 internacionais. Após a seleção do material procedeu-se uma leitura sistemática e posteriormente um fichamento. Evidenciou-se que o assedio sexual contra mulher nos espaços publico além de ser crime contra a liberdade sexual pode acarretar na saúde da vítima inúmeras implicações físicas e psíquicas. Entre as psíquicas estão: depressão, perda ou ganho de peso, dores de cabeça, estresse, distúrbios do sono, transtornos de ansiedade, crises compulsivas de choro, perda de memória, irritabilidade, tendência ao isolamento, perda de confiança e autoestima, náuseas, insônia, crise do pânico, e até, ao suicídio. Na saúde física pode ocasionar hematomas, arranhões, perfurações no corpo e até feminicidio. O assédio sexual restringe a sexualidade feminina mesmo que os assovios, olhares e comentários não denotam ato sexual. Configuram-se como uma maneira do homem exercer o poder e virilidade moral sobre as mulheres. Pois o fato de a mulher andar no espaço público não torna o corpo dela público.

Palavras-chave: Assédio sexual; Mulher; Saúde.

 

Trabalho, educação ambiental e mulheres em um assentamento da reforma agrária no Amazonas

Joanne  Costa (EMBRAPA)

Adriana  Silva (SENAR)

José Edison Soares (IFAM)

 

A agricultura de base familiar encontra-se fortemente marcada pela divisão sexual do trabalho, em função de suas raízes históricas, que apontam diferenciações entre homens e mulheres. Neste estudo, buscou-se compreender o trabalho de mulheres inseridas em atividades do setor agrícola, em um assentamento da reforma agrária, no Amazonas. A forma de abordagem foi qualitativa-descritiva e o tipo de pesquisa foi o exploratório, com realização de entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. Foi possível observar a mulher como sujeito protagonista de sua vida, por meio das suas análises da realidade, da realização de atividades diversas dentro e fora da propriedade agrícola e de sua participação nas tomadas de decisão em diferentes contextos. Isso sinaliza uma mudança na idéia de que o lugar da mulher é apenas no espaço privado, reprodutivo e não reconhecido. Verificou-se também que a Educação Ambiental é uma ferramenta importante para a mudança de mentalidades e de atitudes na relação seres humanos-meio ambiente.

Palavras-chave: mulher, trabalho, sustentabilidade, protagonismo feminino.

 

E quando o “não!” da mulher vira estatística?!

Sharlenny Alencar (UNINORTE)

 

Diariamente vemos casos de violência contra a mulher, motivada pelo sentimento de posse, fruto da misoginia institucionalizada em nossa sociedade. Mulheres que tiveram seu direito inalienável, de pertença ao seu próprio corpo, violado, ao recusarem uma investida masculina. Esse artigo aborda os tipos de violências que mulheres sofreram ao dizerem “não!” em espaços públicos. Se propondo a avaliar as matérias veiculadas em jornais digitais e os respectivos comentários de seus leitores. Fundamentando-se no método de análise da etnografia digital. Comentários culpabilizando a vítima foram encontrados em grande proporção. Colocando como “desculpa” para a agressão, a roupa, o local, horário e, ainda, por mais espantoso que seja, o próprio não da agredida. Além, da agressão física, são agredidas psicologicamente pela segunda vez, mas, agora, no meio digital, ao serem responsabilizadas pela agressão. Mesmo nos comentários que houve revolta com o agressor, foi posta a culpa na mulher que deveria se preservar porque “homem é assim mesmo”. Evidenciou-se que a culpa sempre recaí para a vítima, não importando a circunstância ou o tipo de agressão. No meio desses discursos misóginos também foram encontrados comentários que prezam pelo direito de mulheres saírem, dançarem, beberem, sem terem seus corpos violados e/ou agredidos e que colocam a culpa pela agressão única e exclusivamente no agressor. As violências encontradas nas matérias analisadas foram: Pauladas na cabeça que ocasionaram em morte; Braço quebrado; Soco no rosto, soco no queixo, soco na cabeça, soco na boca; Apertar o braço; Chutes; Cabeçada no nariz; Empurrão; Rasteira; Ferir a vagina com uma garrafa de vidro. Estamos avançando no debate sobre consentimento, feminismo, machismo, mas ainda temos longos passos pela frente, porque diariamente casos de agressão são noticiados na mídia. Séculos de submissão, violência, não são superados de um dia para o outro. O debate profissional, social, acadêmico, é uma forma de trazer a tona os limites e as possibilidades diante da violação do direito de ir e vir da mulher. A violência contra a mulher ultrapassa gerações. Mexer com privilégios da classe homem, ao questionar essa violência, é cutucar uma ferida ainda aberta: A misoginia.

Palavras-chave: Misoginia; Dominação masculina; Violência; Feminicídio.

 

 

Corpos não permitidos: como encontrar independência estando/sendo dependente?

Maria Isabel da Silva (INIR)

 

Trata-se de resultados parciais da pesquisa que vem sendo desenvolvida como trabalho de conclusão do curso de licenciatura em história. O objetivo do estudo é compreender como a sociedade em dimensões específicas define a condição feminina provocando impactos em seus modos de ser e agir frente ao mundo. A autonomia (ou não) dos usos dos seus corpos, por elas e pelos outros. Como um desdobramento, procurou-se refletir sobre a educação feminina e como a mesma resulta em determinados comportamentos que são adotados por elas. A pesquisa está sendo realizada com um grupo de mulheres que trabalham fora do ambiente doméstico em várias atividades, parte delas estudantes, que tem filhos e maridos. As mulheres colaboradoras para a pesquisa são moradoras do Bairro Olímpico, na cidade de Rolim de Moura, estado de Rondônia. Entende-se como corpos “controlados”, aqueles que nesse estudo estão sendo assim anunciados pelas próprias mulheres que são as depoentes. Uma nuance do controle revela-se em forma de violência física e/ou psicológica, ou ainda, como pretexto punitivo para comportamentos tidos como indesejáveis. Nas observações realizadas até aqui, percebeu-se que a dependência, está estritamente relacionada as experiências educativas familiares, mas não apenas, pois em sociedade preceitos que oprimem ainda são recorrentes, sejam de ordem de moral inventada ou mesmo associada a dimensão econômica.  O escopo é pensar os desafios para emancipação, e, como educadora, uma práxis que promova liberdade e autonomia sobre si independente do gênero.  Para compreensão da temática, alguns autores são convidados a dialogar, entre os quais: Margaret Rago (1985) Do Cabaré ao Lar, Simone de Beauvoir (1949), Segundo Sexo, que trata das construções dos papéis entre homens e mulheres e Paulo Freire (1996) Pedagogia da Autonomia.

Palavras-chave: Mulher; Corpo; Autonomia.

 

 

Educação libertadora no MMC: alguns apontamentos

Catiane Cinelli (UNIR/MMC)

Isaura Isabel Conte (UNEMAT)

 

O presente texto discute educação popular a partir do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), baseado na experiência vivida e estudos na área. Utilizou-se o materialismo histórico dialético enquanto método que busca pensar as relações entre as experiências práticas e a tomada de consciência, com a metodologia da pesquisa participante e pesquisa-ação. Os instrumentos se deram através de observações participantes ou militantes, registradas no Diário de Campo, e entrevistas semiestruturadas com oito mulheres camponesas que desenvolvem experiências agroecológicas nos estados de Santa Catarina e Bahia, sendo estas entrevistas gravadas e posteriormente transcritas, além de cartilhas produzidas pelo Movimento estudado. A pesquisa realizada revelou que as mulheres camponesas constroem alternativas para sair de uma situação de exploração capitalista, consolidada no campo através do agronegócio, e, ao fazer isso, também buscam sair da opressão causada pelo sistema patriarcal, revelada nas relações de gênero desiguais. Com a tomada de consciência de que são oprimidas, as camponesas partem para uma reflexão pessoal e coletiva sobre a necessidade de construir formas de autonomia e libertação, assumindo-se como protagonistas de uma história de luta, organização e formação, através do feminismo camponês e popular. Buscam assim o ser mais na concepção freiriana. A partir de sua experiência, as mulheres camponesas constroem outras formas de viver na sociedade, resistindo e enfrentando o sistema capitalista e patriarcal. Com suas produções agroecológicas mostram que há outras formas de estar e de viver no mundo e no campo, para além do que é ditado pelo agronegócio, experienciando outras relações com a terra, com a natureza, com as pessoas e com todos os seres vivos. Demonstram que a agroecologia pode também ser considerada como um modo de vida. Mostra-se, na resistência e enfrentamento em meio às contradições vivenciadas, que há um processo pedagógico-cultural, portanto educativo e gerador de culturas, no qual as mulheres aprendem e ensinam, simultaneamente, a produção do viver no envolvimento com o Movimento de Mulheres Camponesas.

Palavras-chave: Relações de Gênero; Mulheres Camponesas; Educação Libertadora.

 

 

Gênero e ciência: concepção de cientista por estudantes do ensino médio de uma escola no interior do município de Ji-Paraná, RO

Eronilda de Souza Limeira (SEMED/RO)

Mônica do Carmo Apolinário de Oliveira (IFRO)

Erica Cayres Rodrigues (IFRO)

 

Este trabalho apresenta a compreensão que estudantes do Ensino Médio têm acerca do conceito de gênero e ciência. Para isso, a metodologia utilizada foi a pesquisa-ação de natureza qualitativa, por meio de um projeto de intervenção didática, sob a luz das teorias de Del Priore (1994), Shiebinger (2001) e Sedeño (2011), que discutem a trajetória das mulheres e seu envolvimento com descobertas científicas na história. E de Silva, Santana e Arroio (2010) que refletem sobre a construção da representação de cientista por estudantes. O objetivo principal deste artigo foi analisar o que alunos do Ensino Médio de uma escola pública rural construíram durante seu período escolar sobre esse tema, bem como se têm esclarecimentos sobre a participação científica das mulheres no saber sistematizado articulado na instituição escolar. Para tanto, foi feita a coleta de dados por meio da produção imagética de estudantes em quatro turmas do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, Ji-Paraná/RO, sendo que em duas dessas turmas, a coleta aconteceu sem a realização da intervenção e nas outras duas foi realizada após a intervenção, no intuito de identificar possíveis mudanças de postura e valorização de práticas sociais justas e igualitárias, ao fazer do espaço escolar um lugar de construção e desconstrução de saberes.

Palavras-chave: Mulher; Ciência; Gênero; Educação.

 

 

Eixo Temático 06:  Paulo Freire e Educação de jovens e adultos (EJA)

Coordenador: Prof Dr Josemir Almeida Barros (UNIR)


Ementa: O eixo temático EJA e Paulo Freire envolve problematizações acerca da história e da memória da EJA no Brasil; as práticas pedagógicas na EJA; as propostas de alfabetização e letramento para os jovens e adultos; o currículo na EJA; a formação de educadores da EJA; as políticas públicas para a EJA e o legado de Paulo Freire para a educação de jovens e adultos. 

 

 

Educação de adultos: o fazer pedagógico do movimento de educação de base em Tefé/AM

Leni Rodrigues Coelho (UEA)

 

O Movimento de Educação de Base (MEB) foi criado em 1961, pelo Decreto nº 50.370, que resultou de um convênio entre a CNBB e o governo federal e pretendia oferecer alfabetização à população rural, através de escolas radiofônicas para ajudar a população a se defender das ideologias difundidas naquele momento. Foi o único que sobreviveu ao golpe de 1964, porém, começou aos poucos a se extinguir, com exceção de alguns municípios da região norte do país. A pesquisa teve como objetivo geral analisar o fazer pedagógico do MEB em Tefé no período de 1963 a 1985 e como objetivos específicos compreender os propósitos políticos desenvolvidos pelo MEB, analisar os fatores que contribuíram para que o movimento sobrevivesse ao período da repressão e verificar as redefinições pedagógicas no período da ditadura militar. O estudo foi fundamentado no referencial teórico específico: Fávero (2006), Haddad (1991), De Kadt (2007), Paiva (2009), Peixoto Filho (2004) e Raposo (1985), em documentos oficiais; fontes iconográficas e história oral temática. O MEB em Tefé prestou serviços educacionais, sociais, culturais e de saúde à população ribeirinha que se encontrava esquecida, orientando-os acerca de seus direitos e deveres. Diante da análise das fontes documentais, verificou-se que o MEB em Tefé desenvolveu atividades significativas, principalmente no período que antecedeu a ditadura militar, uma vez que levou o ribeirinho a refletir sobre a situação de abandono em que vivia, mudando suas concepções e transformando-o em cidadãos mais conscientes. Para sobreviver ao período do regime militar o MEB repensou sua prática pedagógica e firmou convênio com o MOBRAL, criado para atender aos interesses da ditadura. Os desafios enfrentados pelo MEB foram muitos e dentre eles podemos citar: falta de professores com formação específica; falta de escolas; de energia elétrica; a gratificação irrisória aos professores; o trabalho árduo dos alunos na agricultura; a fome e a idade avançada dos alunos.

Palavras-chave: Educação de Adultos; Movimentos Sociais; MEB.

 

 

Os programas radiofônicos do movimento de educação de base em Tefé/AM

Maria de Lourdes Valente Hounsell (UEA)

Leni Rodrigues Coelho (UEA)

 

O presente trabalho discute os limites e possibilidades dos programas radiofônicos da Rádio Educação Rural de Tefé. Nessa pesquisa tem-se como objetivo geral analisar se a Rádio Educação Rural de Tefé proporcionava aos alunos cursos de cunho catequéticos ou uma formação politizadora. Os objetivos específicos são: compreender o surgimento da Rádio Educação Rural de Tefé; verificar se as aulas desenvolvidas pela Rádio Educação Rural de Tefé eram de cunho confessional ou laico; pesquisar se os programas educativos da Rádio Rural de Tefé influenciaram na formação política, econômica e social dos tefeenses. A pesquisa tem como aporte teórico: Fávero (2006), De Kart (2009), Paiva (2009), Wanderley (1984), bem como, as fontes documentais e a história oral. Nas análises documentais constatou-se que o surgimento da Rádio Educação Rural de Tefé ocorreu em l964, ano do ingresso do Movimento de Educação de Base no município sob a coordenação de Dom Joaquim de Lange. As aulas radiofônicas da Rádio Educação Rural de Tefé propiciavam a população tefeense uma instrução formal e cristã através das aulas radiofônicas, sendo esta ação politizadora e catequética, além de ensinar a ler e escrever com perspectiva de prática social democrática, havia a preocupação de formar um cristão participativo dentro da igreja católica. Portanto, evidenciou-se que os programas levados ao ar tiveram contribuições relevantes no âmbito da educação, da política, da cultura, do lazer, da religião e da saúde. Acredita-se que os programas radiofônicos cumpriram com sua função pedagógica e social já que se constituiu em experiência inovadora na maior parte do tempo em que desenvolveu suas ações, considerando a realidade dos ribeirinhos, por valorizar suas experiências e por envolvê-los em suas atividades.

Palavras-chave: Rádio Educação Rural; MEB; Programas Radiofônicos.

 

 

A educação de jovens e adultos em Tefé/AM: desafios e perspectivas para a construção do conhecimento e empoderamento social

Raimundo de Sousa Medeiros (CEST/UEA)

Felipe de Lima Ramos (CEST/UEA)

Adriana Soares de Oliveira (SEMED/Tefé – AM)

 

O presente estudo apresenta e analisa os principais dados relacionados ao processo de construção do conhecimento dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) no Município de Tefé/AM. Esse trabalho se justifica pela necessidade de pesquisa e produção científica que possibilite uma percepção mais clara e sistemática da EJA em Tefé, o que possibilita a construção de políticas públicas mais eficientes e coerentes a essa modalidade, além do empoderamento social da classe estudantil mais discriminada, pobre e carente do Município de Tefé. Esse trabalho é desenvolvido por meio da análise documental dos registros da Coordenação de Educação de Jovens e Adultos da SEMED/Tefé. A Pesquisa Documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema (Ludke e André, 1986). Segundo Santos (2000), a pesquisa documental é realizada em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza – pintura, escultura, desenho, etc), notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos. A Educação de Jovens e Adultos no Município de Tefé/AM oferece o Ensino Fundamental, estando disponível em 65 escolas, sendo 5 na zona urbana e 60 na zona rural, distribuída em 113 turmas, sendo,  47 turmas do primeiro segmento e 66 turmas do segundo  segmento,. Um fluxo escolar alto, baixo índice de reprovação e um grande numero de desistência. Por muitas vezes esses dados são alterados em uma jogada política oportunista, o que usurpa das comunidades mais pobre o direito a uma educação de qualidade. Assim, conhecendo organização escolar e comunitária, o rendimento e o fluxo escolar e os princípios pedagógicos e metodológicos da EJA é possível identificando os principais desafios e perspectivas para que o processo de desconstrução e construção do conhecimento seja mais produtivo e empoderador para os diversos jovens a adultos pertencentes à modalidade.

Palavras-chave: EJA; Princípios Pedagógicos e Curriculares; Empoderamento social.

 

 

O currículo da educação de jovens e adultos (EJA) e o tema gerador: entre o real e o ideal da prática docente

Débora Ferreira da Silva (UNIR)

Tatielly Angelina Pires (UNIR)

Wilson Paulino Dias (UNIR)

 

O trabalho tem por objetivo de analisar o currículo da educação de Jovens e Adultos utilizado na prática docente cotidiana, relacionando com a proposta de Paulo Freire de trabalho com o tema gerador. Usar dessa metodologia significa propor uma educação com base na realidade de vida do educando, com seus problemas e esperanças já o currículo oficial é um processo no qual a educação irá formar seus membros de acordo com a sua imagem em função de seus interesses e sempre os equipando com conhecimento e atitudes que permitem a sobrevivência humana. Para cumprir os objetivos propostos está sendo utilizada uma pesquisa do tipo estudo de caso, com a abordagem sociohistórica, sendo seus instrumentos de coleta de informações a observação e a entrevista aos estudantes da EJA. Os resultados parciais indicam que o currículo que funciona a EJA serve mais para aumentar a alienação do trabalhador ao sistema, na medida em que reforça a ideia de a educação é um impulsionador para a inserção no mercado de trabalho, sendo visto uma separação entre conteúdo e forma. Já o trabalho com tema gerador percebe-se que alguns professores até falam na realidade do educando, mas que ficam em iniciativas isoladas de alguns fragmentos dessa proposta, pois exige um trabalho integrado de toda a escola.

Palavras-chave: Currículo; Jovens e Adultos; Tema gerador.

 

 

Educação de jovens e adultos no campo: dos cotidianos ao currículo, traçados e bordados

Josiane Priscila de Carvalho (SMED/PBH)

Josemir Almeida Barros (UNIR)

 

Esta pesquisa partiu do princípio de que a educação é um direito de todo cidadão independente da faixa etária em que se encontram, portanto a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um direito que se estende da urbes ao meio rural e por assim dizer em áreas de Acampamentos e/ou Assentamentos de  Reforma Agrária. Percebemos que em muitos casos os campesinos, têm seu direito à educação negado, são esquecidos e/ou desvalorizados. Propomo-nos a investigar uma das metas do Projeto  “Educação Campo e Consciência Cidadã: 1º Segmento do Ensino Fundamental” vinculado ao PRONERA. Tornou-se foco de nossa pesquisa algumas particularidades sobre a meta de escolarizar no 2º segmento (5ª à 8ª série do Ensino Fundamental) 15 educadores de áreas de reforma agrária que até então só concluíram o 1º segmento do Ensino Fundamental (da alfabetização à 4ª série). Outro fator que contribuiu para o interesse de estudar esse Projeto foi o fato do mesmo ter recebido da Secretária de Educação, Cultura e Diversidade (SECAD), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC) a Medalha Paulo Freire no ano de 2006. Desta forma, o objetivo principal da pesquisa foi analisar alguns aspectos do currículo construído para o 2º segmento no “Projeto Educação, Campo e Consciência Cidadã”. Verificar se o mesmo atendeu as necessidades dos sujeitos do campo. Trazemos aqui algumas das indagações que nos motivaram ao longo da realização da pesquisa: Quais temas tiveram maior relevância e foram privilegiados no currículo? Quais sentidos e significados do currículo para os educandos envolvidos no 2º segmento?

Palavras-chave: Educação do Campo; Currículo da EJA; Escolarização; Alteridade.

Educação de jovens e adultos: formação crítica e emancipação

Gleidenira Lima Soares (UNIR)

Juliana Prado (IFRO)

 

O presente trabalho aborda a Educação de Jovens e Adultos (EJA), modelo de ensino criado para atender adultos que por diversos motivos não tiveram acesso ou não puderam concluir o ensino na idade dita apropriada. Atualmente, jovens a partir dos 15 anos de idade podem fazer parte dessa modalidade educacional, tanto presencial quanto a distância, com o intuito de ingressar no mercado de trabalho. Buscou-se com a pesquisa evidenciar a realidade encontrada nas escolas e refletir sobre as possíveis mudanças durante as práticas de ensino, tornando o aprendizado mais significativo, oportunizando, dessa maneira, o diálogo e a socialização de conhecimento, visto que educadores e educandos possuem vivências diferentes. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo foi a pesquisa ação. Na base teórica, há a contribuição dos seguintes estudiosos: FREIRE (2005), FARIA (2009), SOUZA (2012), BRASIL (2001; 2009), TARDIF (2002) e ZABALA (1998) . A partir das observações, pode-se refletir sobre ações a serem desenvolvidas em sala de aula, objetivando contribuir no processo de aprendizagem dos alunos da EJA e colaborar com a formação de cidadãos conscientes de seus direitos, ou seja, com o empoderamento do cidadão a partir da concepção emancipatória e abertura da visão do mundo usando leitura e escrita como ferramentas.

Palavras-chave: Educação; Socialização; Educação de Jovens e Adultos.

 

 

Alfabetização de jovens e adultos imigrantes bolivianos: aprendizagens e trocas culturais no mundo vivido da fronteira do Brasil com a Bolívia

Gislaina Rayana Freitas dos Santos (UNIR)

André Pereira Lopes (UNIR)

Zuila Guimarães Cova dos Santos (UNIR)

 

O presente trabalho, objetiva descrever uma experiência de extensão universitária realizada com um grupo de homens e mulheres imigrantes bolivianos, na cidade de Guajará-Mirim, no estado de Rondônia. O projeto teve com título “Mão que Acolhem e Ensinam: afetividade para jovens e adultos imigrantes bolivianos”, envolveu alunos de pedagogia do Campus de Guajará-Mirim da Universidade Federal de Rondônia e foi coordenado pela professora Dra. Zuíla Guimarães Cova dos Santos. O objetivo do projeto foi o de oportunizar o contato dos imigrantes bolivianos com a língua portuguesa numa perspectiva voltada para o processo de alfabetização e letramento. Percebemos, que muitos bolivianos moradores das cidades de Guajará-Mirim/RO falam o português e o “portunhol”, mas poucos conseguem ler e escrever em português. Assim, apesar de viverem em território brasileiro, muitos imigrantes enfrentam as barreiras linguísticas no seu processo de integração no novo espaço que escolheram para morar e viver. Observamos que a falta de domínio do novo idioma fragiliza o processo de permanência dessas pessoas no Brasil. Tendo em vista, que as interações vividas por eles no trabalho, na escola, na comunidade, enfim, no dia a dia da cidade requerem um mínimo de conhecimento da Língua Portuguesa. Nossas ações foram norteadas pela seguinte problemática: Como acolher e ensinar a língua portuguesa para jovens e adultos imigrantes? Acolher, porque muitos imigrantes são indocumentados e têm medo de se expor e ter que sair do Brasil. E, o como ensinar, porque é difícil estimular jovens e adultos trabalhadores, envolvidos por atividades diárias cansativas, expostos muitas vezes a situações precárias. Assim sendo, optamos em utilizar a metodologia dos Círculos Culturais desenvolvida por Paulo Freire. Garantindo dessa forma que os diálogos construídos pelo grupo de estudantes imigrantes refletissem as experiências vividas por eles, não apenas nos novos espaços de moradia e trabalho. Mas também, oportunizasse o resgate da identidade cultural do grupo, ou seja, as histórias vividas por eles do outro lado da fronteira. Organizamos o currículo do curso a partir dos eixos: Sociedade, Cultura e Fronteira; Meio Ambiente e Qualidade de Vida; Tecnologia e Cidadania. Os resultados evidenciaram o domínio da maioria dos alunos e alunas com a escrita e a leitura de texto simples em português. Destacaram a vontade da continuidade dos estudos, de alguns alunos, na rede oficial de ensino. Evidenciaram a presença de imigrantes analfabetos que não possuíam nenhum contato com a escrita e a leitura. E, promoveu a oportunidade da construção de um novo olhar, por parte dos acadêmicos, para um grupo de pessoas que vive excluído em nossa comunidade. Portanto, quando se oportuniza voz ao estudante, o aprendizado flui com maior eficácia, rompe a barreira do medo e do pré-conceito, cria novas oportunidades afetivas e humanas entre aquele que ensina e aquele que aprende.

Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Imigrante.

 

 

Relato de experiência na educação de jovens adultos com as discentes da Universidade Aberta do Brasil – Polo UAB de Nova Mamoré

Josiane Tenório (SEMED/Nova Mamoré – RO)

Ruth Araújo do Santos (SEMED/Nova Mamoré – RO)

Leidiane da Silva Ferreira (SEMED/Nova Mamoré – RO)

 

Este trabalho relata a experiência vivida em sala de aula por alunas do curso de Pedagogia da Universidade Aberta do Brasil – UAB, polo de Nova Mamoré, no estágio da disciplina de Educação Jovens e Adultos (2016), ministrado pelo professor Dr. Wendel Fiori. Realizada no Centro Educacional Sesc Ler com alunos do 1º segmento da EJA. O objetivo deste estudo foi vivenciar a modalidade, e os seus sujeitos, tendo como foco o processo de alfabetização. E uma das conclusões a que chegou foi que “O bom professor é aquele que se coloca junto com o educando e procura superar com educando o seu não saber e suas dificuldades, com uma relação de trocas onde ambas as partes aprendem...” (FREIRE, 1996).

Palavras-chave: Estágio supervisionado; aprendizagem; Educação de Jovens e Adultos.

 

 

A transferência de alunos do ensino médio regular para ensino de jovens e adultos (EJA): o que dizem os estudantes

Ayla Rangel Dutra (UNIR)

Catiane Monteiro Pacheco Souza (UNIR)

Nelbi Alves Cruz (UNIR)

 

A contemporaneidade conta com uma série de mudanças provenientes das diversas locomoções sociais. No Brasil, país em desenvolvimento, composto por fátida levada de trabalhadores, essa realidade não é diferente. Um problema que surge a partir da necessidade do trabalho é a falta de tempo para os estudos e a necessidade de horários mais flexíveis para ele, além da necessariedade de obter determinado nível escolar, trazendo o brasileiro para uma escolha direcionada: o Ensino para Jovens e Adultos. As incontáveis implicações que o presente tema pode abarcar fez com que os estudos e as considerações sobre ele fossem elaborados. O referencial teórico, empregado para maior entendimento sobre este assunto, contou com as contribuições de autores como Kruppa, (1991); Torres (1997); Ávila, (1992); entre outros. Como metodologia, recorremos o estudo de caso, e a análise qualitativa das entrevistas para que se entendessem, a partir dos juízos dos colaboradores da pesquisa, quais as implicações recorrentes no EJA (Ensino de Jovens e Adultos).É interessante que se avalie o cunho emergencial e científico do problema e o tema estudado, de fato, as vivências sociais perpassadas pela educação endereçada a classe trabalhadora do Brasil são essenciais para que sociologicamente, se entendam os mais variados percalços do ensino brasileiro.

Palavras-chave: Contemporaneidade. Trabalho. Educação. Ensino de Jovens e Adultos.

 

 

O desafio de acreditar na EJA no espaço prisional: um estudo bibliográfico sobre a educação nas prisões do RS

Flávia Gonzales (SEMEd/SEDUC/Rio Grande – RS)

 

O presente artigo versa sobre os resultados da pesquisa bibliográfica, realizada com as produções acadêmicas, dissertações/mestrado e teses/doutorado, entre os anos 2013 a 2016, no Banco de Dados da Capes – Plataforma Sucupira, nos programas de pós-graduação das instituições de ensino superior do RS, sobre o direito a educação nas prisões. Quando falamos em produções acadêmicas referentes a educação nas prisões no estado do RS constatamos, através do levantamento das informações contidas no material bibliográfico, que muito ainda necessita ser pesquisado e que as poucas produções existentes são irrisórias frente ao cenário de desumanização, superlotação e violação dos direitos humanos destes jovens e adultos que encontram-se com privação de liberdade.

Palavras-chave: educação de jovens e adultos, direitos humanos, privação de liberdade.

Palavras-chave: Normas de publicação; anais de eventos;  publicação.

 

 

Ressocialização: a intervenção do CEEJA no processo de reabilitação dos reeducandos do regime fechado na PRRM (Penitenciaria Regional de Rolim de Moura – RO)

Wellington Jandre (UNIR)

 

Este estudo tem como objetivo central apresentar uma reflexão, sob a perspectiva de ressocialização através do projeto de educação prisional trazido pelo CEEJA para a Penitenciaria Regional de Rolim de Moura RO. Pesquisa gestada na Disciplina Fundamentos e Prática da Educação de jovens e Adultos (EJA), sob a orientação do Prof. Nelbi Alves da Cruz. Conhecendo a realidade prisional local, as condições do estabelecimento e o público alvo deste projeto e o projeto propriamente dito. Na realidade atual, os propósitos se voltam para o que se tornou um grande conflito, a população carcerária aumentando e a reincidência constante daqueles que deveriam ser restaurados pela prisão, apressa a busca por meios legais de devolver estes cidadãos em conflito com a lei de forma melhorada e inseridos socialmente. Com isto o CEEJA amparado pelo Estado de Rondônia adentra nesta unidade prisional de regime fechado e a transforma em uma extensão do CEEJA, melhorando a estrutura e atendendo com profissionais qualificados adequando os ambientes de acordo com o regimento interno, dispondo de uma estrutura físico/pedagógica administrada por gestores do próprio CEEJA; ofertando uma educação de qualidade desde a alfabetização, o fundamental e o ensino médio; Sempre com o objetivo de preparar o reeducando/preso para que enquanto EGRESSO possa exercer o seu papel social de forma satisfatória. Enfim, no desenrolar deste estudo, a visão se volta para o reeducando/preso, sua condição atual, a perspectiva de retorno ao convívio social, a ação do educador neste processo, e a necessidade de unir educação com recursos sociais para a efetivação do ressocializar.

Palavras-chave: Ressocialização; educação; CEEJA.

 

 

A evasão escolar: dizeres-saberes de jovens e adultos do CEEJA de Rolim de Moura

Adriana das Graças Bressanini (UNIR)

Ismael Fernandes dos Anjos (UNIR)

 

O trabalho analisa a evasão escolar como fenômeno social existente no Centro de ensino de Jovens e Adultos de  Rolim de Moura, nas séries Iniciais do Ensino Fundamental, sob o olhar de jovens que abandonaram os estudos nos últimos dois anos, verificando as implicações na vida dessas pessoas. Resulta de uma pesquisa em andamento,  gestada na Disciplina Fundamentos e Prática da Educação de jovens e Adultos (EJA), sob a orientação do Prof. Nelbi Alves da Cruz, cujo objetivo central é compreender as causas e consequências desse fato na vida dos estudantes. Tem-se como referencial teórico Pinto, Freire, Gadotti, entre outros, que discutem a problemática. Optou-se por realizar um estudo de caso com abordagem sócio-histórica dos alunos da  EJA de Rolim de Moura. Para a coleta de informações está sendo utilizada a entrevista e o questionário à 10 egressos Ensino Fundamental que abandonaram os estudos nos últimos dois anos, bem como professores, coordenação pedagógica e membro responsável da Coordenadoria Regional de Educação (CRE) Os resultados parciais desta pesquisa indicam que nos últimos dois anos os alunos desistentes foram aqueles que por razões de trabalho, desinteresse ou por problemas familiares, no entanto, o poder público aliado aos interesses neoliberais desqualifica a escola pública e não fornece as condições para que o educando permaneça na sala de aula e isso tem culpabilizado os trabalhadores pelo fracasso nos estudos.

Palavras-chave: Evasão; Educação de Jovens e Adultos.

 

 

Diálogo entre Paulo Freire e a modelagem matemática para uma educação libertadora

Angélica Vital Henrique (UNIR)

Gabriel Tenório dos Santos (UNIR)

Maria das Graças Araújo (UNIR)

 

Estes escritos são frutos da aprendizagem no Estágio Supervisionado em Ambientes não Escolares do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Campus de Rolim de Moura, do ano de 2016 no Centro de Recuperação para Dependentes Químicos, através de uma intervenção pedagógica. O trabalho propôs diálogos entre os saberes matemáticos, experiências de vida dos participantes com o aporte teórico de Paulo Freire (1996) na sua concepção de autonomia do ensino e da aprendizagem e na modelagem matemática que se apoia nos estudos de Carraher & Schliemann (2010). A experiência partiu da história de vida de três residentes da instituição. O objetivo é o de romper com uma proposta desumanizadora de ensino que impõe saberes escolarizados distantes dos aprendentes.   As vivências dos educandos determinaram caminhos didático-metodológicos nas práticas da matemática, dada a afinidade dos participantes com a disciplina. Nas técnicas de coleta e análises dos dados, nos apoiamos em Meihy; Holanda (2007), Dante (2003), dentre outros. Evidencia-se caminhos que apontam para a construção da libertação da opressão da classe dominante com a contribuição de conhecimentos de formação das identidades de classe, tendo como ponto de partida a realidade existencial, ou seja, o universo sociocultural dos indivíduos. Conclui-se ainda, que a escola recontextualiza os conhecimentos dos aprendentes, mas, por outro lado, os marginaliza, silenciando os saberes e fazeres na relação entre conhecimentos escolarizados e não escolarizados nas relações com a matemática para uma educação em prol da libertação de classe.

Palavras-chave: Saberes matemáticos; Autonomia; Experiências de vida.

 

 

Paulo Freire nas pesquisas em educação matemática de jovens e adultos da Região Norte do Brasil no período de 1985 a 2015

Ingryd Luana Wonczak de Paula (UNIR)

Emerson da Silva Ribeiro (UNIR)

Moab Marques da Silva (UNIR)

 

Considerando a incidência e emergência da Educação Matemática de Jovens e Adultos como um campo investigativo congregando as áreas de Educação Matemática e Educação de Jovens e Adultos (EJA), apresenta-se este trabalho com o objetivo de identificar e analisar o aporte teórico a Paulo Freire nas teses e dissertações em Educação Matemática de Jovens e Adultos defendidas em programas de pós-graduação stricto sensu da região Norte do Brasil no período de 1985 a 2015. O mesmo se respalda diante da contribuição das teorias de Paulo Freire não apenas para a pesquisa acadêmica no âmbito educacional, mas, sobretudo para as práticas escolares e extraescolares, especialmente as que acometem os educandos da EJA. Do ponto de vista metodológico, assume características de estudos do tipo estado da arte e a abordagem qualitativa, sendo de caráter exploratório e bibliográfico, cujo material de análise compõe-se de quinze dissertações defendidas em programas de pós-graduação stricto sensu da região Norte do Brasil no período de 1985 a 2015. Como conclusões deste trabalho, constatou-se que o aporte teórico a Paulo Freire nas pesquisas analisadas se evidenciou quanto à sua participação no contexto histórico da EJA no Brasil durante a década de 1960, quanto à descrição do seu chamado “método Paulo Freire”, e, sobretudo, quanto às suas concepções e perspectivas educacionais traduzidas nas discussões sobre educação bancária e educação libertadora. Além disso, no que diz respeito às obras de Paulo Freire referenciadas nas pesquisas analisadas, observou-se a recorrência principal às obras Pedagogia da Autonomia e Pedagogia do Oprimido, e a referência a capítulo de livro e palestra proferida em eventos de autoria de Paulo Freire, também citado por meio de publicações de autoria de outros autores.

Palavras-chave: Educação Matemática; Educação de Jovens e Adultos; Paulo Freire.

 

 

 

Eixo Temático 07:  Paulo Freire e Filosofia da Libertação 

Coordenador: Prof Dr  Rogério Sávio Link

 

Ementa: O propósito deste eixo consiste em destacar alguns pressupostos e implicações políticas da pedagogia libertadora de Paulo Freire à luz da Filosofia da Libertação. Assim, a partir desta abordagem consideramos algumas aproximações determinantes: a) relação intrínseca entre Paulo Freire na temática latino-americana; b) a convergência entre a educação freireana e o projeto filosófico da Filosofia da Libertação; c) as abordagens que podem ser revisitadas filosófico-politicamente na realidade latino-americana a partir do enfrentamento da “exclusão”; d) questionar a subjugação e a condição daqueles que historicamente estão postos como subalternos pelo projeto de sociabilidade capitalista.

 

A porta da cadeia: as mulheres que visitam detentos

Carla Regina da Silva Santos (SUSIPE/ ESMTC/PA)

Renata Cardoso Costa (ESMTC/PA)

Norma Raissa Macedo Leite (UFPA)

 

Esse trabalho tem como objetivo apresentar a temática educação e transformação: um estudo acerca dos relatos das discentes do curso de Serviço Social da Faculdade Salesiana Dom Bosco na cidade de Manaus Amazonas, enfatizando a educação como finalidade primordial para as discentes que obtém a concepção de que somente com a educação é que se evidenciará melhor o conhecimento como indivíduo preparado para fazer parte de uma sociedade transformadora com melhores escolhas, tanto de trabalho, como de bom relacionamento em sociedade. Pontuando as várias transformações educativas, com suas buscas a qual se tem melhor conhecimento com a conquista de estarem cursando uma graduação. Destaca-se, ainda, que em sua maioria esses discentes são mulheres, estando as mesmas se sentindo realizadas, por estarem conseguido alcançar seus objetivos, tanto profissionais, como financeiro, por algumas delas já estarem inseridas no mercado de trabalho. As políticas públicas que fundamenta a temática servirão de empoderamento para regulamentar os direitos constituídos, pela Constituição Brasileira e pela Leis de Diretrizes e Bases da Educação, a qual estabelece a educação com igualdade a todos os cidadãos. A metodologia embasada no presente trabalho foi à pesquisa bibliográfica, observação participativa e qualitativa, destacando as Leis que regulamentam com empoderação a efetivação da das várias formas de inserção ao ensino, sobretudo ao ensino superior, assim como também, a trajetória histórica da Faculdade Salesiana om Bosco em parceira com as formas de inserção a educação.

Palavras-chave: Educação, Políticas Públicas e Mulher.

 

 

Eixo Temático 08:  Paulo Freire e Universidade Popular 

O Coordenador: Prof Dr  Thiago Ingrassia Pereira (UFFS)


Ementa: O eixo temático Paulo Freire e Universidade Popular, pretende debater a Universidade Popular, proposta elaborada pela equipe do Serviço de Extensão Cultural (SEC), da Universidade do Recife (hoje, UFPE) nos anos 1960 que apresenta-se como parte do Sistema Paulo Freire de Educação. Essa concepção fundante de Universidade Popular na perspectiva freiriana permite reinventar Freire nos atuais processos formativos de nossas universidades e apresentar o debate freiriano na educação superior, promovendo discussões teóricas, análises de experiências empíricas e diagnósticos que aproximam a Educação Popular da universidade, acenando para o “inédito-viável” da Universidade Popular. 

 

Educação Popular na Pós-Graduação? Reflexões sobre a experiência do Mestrado Profissional em Educação

Thiago Ingrassia Pereira (UFFS)

 

Educação popular na pós-graduação? Ao enfrentarmos afirmativamente essa questão, apostamos na construção de um programa de pós-graduação voltado à formação continuada de professores(as). Assim, em 2015, iniciou a experiência do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação (PPGPE) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Erechim, norte do estado do Rio Grande do Sul. O curso de mestrado profissional em educação insere-se no compromisso da universidade com a educação básica e ataca a histórica lacuna de oferta de cursos stricto sensu públicos e gratuitos na região do Alto Uruguai. O mestrado tem sua área de concentração em práticas educativas e está associado aos objetos de investigação que dizem respeito a processos pedagógicos, políticas e gestão educacional e educação não-formal. Organiza-se em duas linhas de pesquisa, conta com um corpo docente formado por treze professores e um corpo discente com 60 mestrandos(as), provenientes das seleções anuais de 2015, 2016 e 2017. Neste ano, formam-se os(as) primeiros(as) mestres do PPGPE. Nesse sentido, este trabalho explora esta recente e intensa trajetória do mestrado profissional, considerando as peculiaridades do curso e dos mestrados profissionais em geral, bem como apresenta os temas e projetos de intervenção provenientes da linha de pesquisa 2 “Pesquisa em Educação Não-formal: Práticas Político-Sociais”. Ao produzirmos pesquisas que valorizem os sujeitos educacionais, afirmamos estratégias de produção do conhecimento voltadas à emancipação e transformação social. Assim, práticas de pesquisa participante e pesquisa-ação subsidiam a produção de diagnósticos e projetos de intervenção que partem da realidade concreta tanto das instituições regulares de ensino, como de diversos espaços educacionais ligados movimentos sociais do campo, de periferias urbanas, sindicatos e coletivos de trabalhadores(as). As pesquisas realizadas no âmbito no mestrado profissional em educação encontram sua base teórica no campo de educação popular e são desenvolvidas por mestrandos(as)-trabalhadores(as) que produzem conhecimento a partir de sua prática educacional. Por isso, esta atuação em nível da “práxis” contribui para fortalecer o vínculo da universidade com a comunidade regional. Para além de diplomas e indicadores, buscamos produzir sujeitos com capacidade de se (auto)transformar em diálogo conectivo entre sua comunidade de origem e a universidade.

Palavras-chave: Mestrado Profissional; Universidade Popular; Pesquisa Participante; Pesquisa-ação.   

 

Educação e transformação: um estudo acerca dos relatos das discentes do curso de Serviço Social da Faculdade Salesiana Dom Bosco na Cidade de Manaus Amazonas

Célia Maria Nascimento de Oliveira (PPGSS/UFAM)

Aline dos Santos Pedraça (CRAS/Manicoré – AM)

Maria Raimunda Nascimento de Oliveira (PPGSS/UFAM)

Rosemere Barbosa Guimarães (PPGSS/UFAM)

Viviane de Oliveira Rocha (PPGSS/UFAM)

 

Esse trabalho tem como objetivo apresentar a temática educação e transformação: um estudo acerca dos relatos das discentes do curso de Serviço Social da Faculdade Salesiana Dom Bosco na cidade de Manaus Amazonas, enfatizando a educação como finalidade primordial para as discentes que obtém a concepção de que somente com a educação é que se evidenciará melhor o conhecimento como indivíduo preparado para fazer parte de uma sociedade transformadora com melhores escolhas, tanto de trabalho, como de bom relacionamento em sociedade. Pontuando as várias transformações educativas, com suas buscas a qual se tem melhor conhecimento com a conquista de estarem cursando uma graduação. Destaca-se, ainda, que em sua maioria esses discentes são mulheres, estando as mesmas se sentindo realizadas, por estarem conseguido alcançar seus objetivos, tanto profissionais, como financeiro, por algumas delas já estarem inseridas no mercado de trabalho. As políticas públicas que fundamenta a temática servirão de empoderamento para regulamentar os direitos constituídos, pela Constituição Brasileira e pela Leis de Diretrizes e Bases da Educação, a qual estabelece a educação com igualdade a todos os cidadãos. A metodologia embasada no presente trabalho foi à pesquisa bibliográfica, observação participativa e qualitativa, destacando as Leis que regulamentam com empoderação a efetivação da das várias formas de inserção ao ensino, sobretudo ao ensino superior, assim como também, a trajetória histórica da Faculdade Salesiana om Bosco em parceira com as formas de inserção a educação.

Palavras-chave: Educação; Políticas Públicas; Mulher.

 

 

Um estudo sobre as formas de inserção ao Ensino Superior em Manaus Amazonas

Célia Maria Nascimento de Oliveira (PPGSS/UFAM)

O desenvolvimento dessa pesquisa traz um estudo sobre as formas de inserção ao Ensino Superior em Manaus Estado do Amazonas, destacando as Leis de Diretrizes e Bases da Educação, a Constituição Federal e as várias formas de inserção ao ensino superior privado, sinalizando as instituições da rede pública, pontuando também os diversos programas de inclusão existentes em nossa cidade, os quais estão amparados e adequados a esse segmento educacional, junto às instituições de ensino particular, destacando o programa Bolsa Educações. Enfatizando o trabalho do profissional de Serviço Social o qual é necessário para averiguar a veracidade das informações dos prestadas pelos candidatos a uma das vagas disponíveis, os quais são tanto do segmento da rede pública, como da iniciativa privada, onde os referidos profissionais fazem as devidas intermediações de todo o processo necessário de inclusão dos discentes as instituições de ensino em Manaus.  As formas de inserção que a floraram a partir da década de 1990, com suas inúmeras conquista as quais estão adaptadas ao sistema capitalista mercantilizando os incentivos educacionais de um modo geral. A metodologia utilizada para a contextualização desse estudo é à pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo com as consultas nos sites das instituições de ensino de ensino superior, tanto das faculdades públicas, como as instituições da iniciativa privada, que fazem parte de todo esse processo de inclusão educacional em nossa capital manauara, garantindo os direitos inclusivos de todos os cidadãos que desejam obterem uma graduação com as inserções atuais.

Palavras chave: Educação; Políticas Públicas; Serviço Social e Formas de Inserção ao Ensino Superior.

 

Uma reflexão sobre a dimensão política da educação no pré-fórum do II Fórum de Leituras de Paulo Freire no Estado do Amazonas

Lucinete Gadelha da Costa (UEA)

Maria da Conceição Monteiro Ferreira (FACED/UFAM)

Edilza Laray de Jesus (UEA)

 

Este artigo tem como objetivo refletir sobre o tema da dimensão política da educação a partir da discussão realizada no PRÉ-FÓRUM DO II FÓRUM DE LEITURAS DE PAULO FREIRE NO ESTADO DO AMAZONAS ocorrida na Escola Normal Superior na Universidade do Estado do Amazonas, envolvendo estudantes da graduação de diferentes áreas como Pedagogia e outras licenciaturas em um encontro que proporcionou um debate em torno da dimensão política da educação. Nos procedimentos metodológicos, buscamos uma abordagem qualitativa numa perspectiva dialética sistematizando a discussão num enfoque teórico. Salientamos que o debate construído neste espaço trouxe à tona a necessidade do entendimento da concepção de POLITICA e sua dimensão na educação, considerando o atual contexto de negação de direitos educacionais retomou a importância da contribuição de Paulo Freire frente a ideologias neoliberais na educação com a despolitização nas escolas na defesa da construção de um currículo que atenda as especificidades dos diferentes contextos em que estão inseridas nossas escolas na realidade amazonense.

Palavras-chave: Paulo Freire; Educação; Dimensão Política.

 

 

Eixo Temático 09:  Paulo Freire e Educação na Amazônia 

Coordenadoras: Profª Drª Márcia Maria de Oliveira e Profª Drª Renata da Silva Nóbrega (EDUCAMPO/UNIR)


Ementa: A proposta desde eixo temático é integrar estudos e pesquisa que visem articular os marcos teórico freireanos à educação na Amazônia como elemento propulsor para a disseminação e ampliação das ideias e práticas do autor no contexto da educação regional. Nossos desafios são pensar os espaços educativos como fundamentais para compreendermos o papel da educação como prática de mudança, de transformação e como via de constituição de sujeitos que se forjam na contramão dos discursos hegemônicos e das práticas de subserviência. Não há libertação que se faça com homens e mulheres passivos, é necessária conscientização e intervenção sobre e na Amazônia.

 

 

Tirando as luvas: reflexões a partir de Freire sobre o trabalho do educador ambiental na Amazônia

Eliane de Oliveira Neves (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá)

Claudia Barbosa dos Santos (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá)

Claudioney da Silva Guimarães (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá)

 

Não há neutralidade no exercício do educar. Questão trazida por Paulo Freire, aponta o quanto nós, educadoras e educadores, temos que tocar o mundo sem as luvas da neutralidade, percebendo que diante do educando o posicionar-se politicamente e solidariamente precede de problematizar o mundo diante das diferenças sociais de gênero, raça e classe colocadas por uma sociedade que versa pela manutenção do privilégio. Tendo em consideração que o trabalho educativo não é neutro e carece desta sensibilidade e deste entendimento de mundo, e nas questões ambientais ou ecológicas um universo de ‘soluções imediatas’ se colocam, este relato de experiência tem como proposta refletir nossa atuação como educadores ambientais que lidam no cotidiano do trabalho com comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas, em um território em disputa, por diferentes agentes. Território delimitado por duas Reservas: Mamirauá e Amanã, em várzea e terra firme.  E diferente de fazer uma constatação de como pensam e agem os comunitários, a proposta deste relato de experiência é dividir nossas ações e reflexões como educadores e também nossos limites quanto ao ‘papel do trabalhador social no processo de mudança’, como coloca Freire. E para fazer este exercício dialético de pensar a nossa atuação, debruçamos em escritos, como “Educação e Mudança”, “Extensão ou comunicação” e “Como trabalhar com o povo”. Concluímos que o nosso trabalho esbarra nas questões da mudança e da permanência debatidas por Freire, são vários fatores como a falta de políticas públicas, a atuação pontual impedindo a ‘com-vivência’ ou até mesmo uma insistente prática de levar ‘necessidades’ a estas comunidades. Mas há alertas, ecos, para que estes percebam, tomem, seus papeis no ato de mudança. Tendo o entendimento de que num território em disputa, como a Amazônia, são estes pequenos ‘vazios’ que devem ser aproveitados para ao menos tentar problematizar e caminhar o nosso trabalho pela opção da libertação em detrimento da domesticação.

Palavras-chave: Amazônia; Educador Ambiental; gênero; raça; classe.

 

 

Contribuições da Teoria Freireana para a práxis em educação ambiental crítica na Amazônia

Leandro dos Santos (PPGE/UNIR)

Odete Sossai (CEULJI/ULBRA)

Rildo Nedson Mota de Sousa (SME/SP)

 

A concepção educacional freireana se fundamenta, principalmente, nas categorias: dialogicidade, problematização e conscientização, as quais, uma vez articuladas em torno dos temas geradores possibilitam a concretude de uma educação libertadora, emancipatória e democrática que se volta à perspectiva de contribuir com a formação da consciência crítica dos sujeitos, de forma a estimular a participação responsável dos indivíduos nos processos culturais, sociais, políticos, econômicos. Por acreditarmos que os pressupostos freireanos de educação fundamentados em uma concepção de Educação Libertadora, uma vez concretizados no contexto escolar, permitem o desenvolvimento da Educação Ambiental escolar em uma perspectiva Crítico- transformadora, de modo a contribuir, efetivamente, para a implementação de políticas públicas voltadas à área, propomos a seguinte questão de pesquisa: quais as contribuições do pensamento pedagógico de Paulo Freire, a partir da relação ser humano-mundo e da dimensão crítica da Educação, para a práxis em Educação Ambiental crítica na Amazônia? Para responder a essa pergunta, fez-se uso de revisão bibliográfica com abordagem qualitativa, a partir de autores com referencial educacional freireano e adeptos da teoria crítica.  Assim, uma educação ambiental comprometida com a formação integral do sujeito-aluno, encontra nas teorias de Paulo Freire contribuições significativas para sua práxis, pois busca de forma integrada a libertação do ser humano, a conscientização política e a formação ética da responsabilidade para com os outros e com o meio em que vivem. E no que se refere a uma educação ambiental crítica na Amazônia – território de grande diversidade natural e cultural – é urgente a necessidade de que ela seja participativa, transformadora e emancipatória, em busca da transição da consciência ingênua à consciência crítica. E para que ocorra a práxis (reflexão-ação), os temas geradores, propostos por Freire, podem ir ao encontro do enfrentamento da dicotomia sociedade/cultura e natureza e, neste sentido, efetivar os atributos da Educação Ambiental em uma perspectiva Crítico-Transformadora.

Palavras-chave: pensamento pedagógico de Paulo Freire; Práxis; Educação Ambiental crítica na Amazônia.

 

 

Contação de história e mediação de leitura: formando leitores no ensino fundamental por meio da Pedagogia Freireana e da ludicidade

Jorge Antonio Lima de Jesus (UFPA)

 

Este trabalho tem como objetivo proporcionar um novo olhar sobre os saberes prévios dos alunos e a formação de leitores; considerando a importância das atividades práticas em sala de aula como a “Contação de Histórias” e “Mediação de Leitura”. A capacidade de fazer de conta é uma das características mais relevantes desde a infância, pois está diretamente ligada ao desenvolvimento cognitivo e físico dos seres humanos. Freire (1999) introduz em Pedagogia da autonomia uma crítica à ideia de que ensinar é transmitir saber por que para ele, a missão do professor é possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Freire (1998) dizia que "os homens se educam entre si mediados pelo mundo". Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo". Caso contrário, o aluno será um mero receptor de informações e o que o professor deve propor é a construção do saber de forma conjunta, em que “o professor se aproxima dos conhecimentos prévios dos estudantes, para com essas informações serem capaz de apresentar os conteúdos aos alunos, que terão poder e espaço para questionar os novos saberes” (FREIRE, 1999). E por meio da “Contação de Histórias” e “Mediação de Leitura” pretende-se argumentar sobre a sua importância para o desenvolvimento individual e social, demonstrando esse ponto de vista, apresentando diferentes formas de se contar e mediar histórias/leituras e compreender como elas contribuem no despertar do prazer pela leitura nos indivíduos que estão no Ensino Fundamental, objetivando formar futuros leitores e apreciadores da Literatura Amazônida e Brasileira. Para este estudo, a fundamentação teórico-prática dos autores Ferreiro (1984), Freire (1998; 2010), Kaercher (2001) e Moraes (2012), pois por meio destas metodologias de leitura na Educação mostramos um mundo social e subjetivo para os educandos assim como a sua própria construção de sujeito de direito. A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, que propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua. O conjunto das palavras geradoras possibilitam com sucesso a alfabetização e formação de leitores, oportunizando uma formação crítica e cidadã destes sujeitos.

Palavras-chave: Contação de Histórias; Mediação de Leitura; Ludicidade; Pedagogia Freireana.

 

 

Educação do Campo amparada na Pedagogias Libertadora de Paulo Freire

Maria Estélia de Araújo (UNESP/MST/CPT/UNIR)

 

Este artigo representa um breve fragmento da dissertação de mestrado em geografia, intitulada ‘A trajetória de luta e as experiências agroecológicas do Assentamento “14 de Agosto” em Ariquemes – Rondônia’, realizada entre 2014 e 2016 no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe (TerritoriAL), vinculado ao Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (IPPRI) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).  Ao longo dos anos de sua existência o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) vem constituindo uma proposta pedagógica visando à emancipação humana, partindo do princípio que o sistema educacional brasileiro não atende às necessidades básicas das pessoas estudantes e ainda que não atende às especificidades dos povos do campo. As escolas constituídas nos acampamentos e assentamentos são em grande parte exemplos de uma construção coletiva da escola que queremos, muito constantemente enfrentando desafios para garantirem uma escola que venha atender à formação integral destes povos respeitando seus costumes, sua cultura, as formas de vivência e necessidades que contemplem a vida no campo. Atualmente, depois de muitas lutas para garantia de direitos, o estado vem esfacelando a educação de forma assustadora, tornando-se em novos desafios para o MST, os movimentos e as organizações sociais do campo. Neste estudo apresentamos a escola do assentamento 14 de Agosto como um exemplo de luta, resistência e de compreensão da importância da educação do campo, amparada por pedagogias libertadoras com forte enraizamento em Paulo Freire. Nesta escola, o engajamento das famílias, militantes do MST, educadores e educadoras atingiram uma formação que foi capaz de gerar um novo ser histórico e social, a juventude atual que passou pela escola carrega valores de uma prática militante.

Palavras chave: Pedagogia Libertadora; Pedagogia do MST; Escola; Formação Social.

A construção do PPP da Escola na perspectiva da Pedagogia do Movimento e da Educação do Campo.

Matilde de Oliveira de Araújo Lima (MST/FIOCRUZ)

 

O presente trabalho é resultado de uma releitura da dissertação de conclusão do mestrado profissional em trabalho saúde Ambiente e Movimentos Sociais, que por sua vez foi resultado da pesquisa que teve como objeto o processo de construção do Projeto Político Pedagógico-PPP da Escola Antônio Carlos do Assentamento Margarida Alves. Conquistado nos anos de 1980 pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST, o assentamento localiza-se no município de Nova União em Rondônia, situado na Amazônia brasileira. Tendo por motivação principal o fortalecimento da Escola perante o poder público municipal e, por consequência, o fortalecimento do próprio Assentamento, este trabalho procedeu a uma investigação sobre as principais questões que emergiram no grupo de trabalho criado pela comunidade escolar com a finalidade de organizar o processo de redação do PPP. Confrontado com o processo, nosso estudo confirmou que para se construir coerentemente o PPP de uma escola é fundamental disposição para percorrer uma longa caminhada, uma vez que se trata de um processo de luta política e não de uma ação pontual. A pesquisa apontou, entre outras coisas, para a necessidade da participação efetiva dos diferentes segmentos da comunidade nos processos de construção da escola; a garantia de processos de formação capazes de levar os sujeitos à apreensão de uma visão mais unitária do mundo. Trata-se de construir uma escola que se desafie a ir além dos seus muros e da lógica do capital. Nossa releitura para elaboração deste trabalho tomou como referencial teórico a “Pedagogia do Oprimido”, na procura de refletir sobre o que esta obra tem a dizer sobre uma das questões principais que vivenciamos no Grupo de trabalho que elaborou o PPP: uma certa “negação” dos sujeitos à participação o “medo da liberdade”.

Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico; Pedagogia do Movimento; Educação do Campo.

 

 

Relação entre a precarização da educação e a desruralização na Zona da Mata de Rondônia

Vanessa Dias Diniz (EDUCAMPO/UNIR/PIBIC/CNPQ)

Márcia Maria de Oliveira (EDUCAMPO/UNIR/PIBIC/CNPQ)

 

Este artigo é um recorte da pesquisa realizada no Programa Institucional de Bolsas e Trabalho Voluntário de Iniciação Científica - PIBIC/UNIR/CNPQ intitulado “Relação entre a precarização da educação e a desruralização na Zona da Mata de Rondônia”. Partimos do pressuposto de que o Estado de Rondônia, parte noroeste da Amazônia, se apresenta como uma das regiões mais impactadas pelas migrações nas últimas décadas. Observamos que uma das questões mais impactantes da migração, de maneira especial do campo para as cidades, fenômeno denominado desruralização, seja a precarização da Educação do Campo em toda Amazônia e, de maneira especial no Estado de Rondônia. Buscamos identificar o fenômeno da desruralização na Zona da Mata do Estado de Rondônia formada pelos municípios de Alta Floresta, Alto Alegre dos Parecis, Castanheiras, Nova Brasilândia, Novo Horizonte, Rolim de Moura e Santa Luzia. A pesquisa baseou-se nos dados oficiais da migração do campo para a cidade publicados nos últimos informes censitários fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e no censo da Educação da referida zona fornecidos pelo Conselho Estadual de Educação. Os resultados indicam que existe relação entre a desruralização e a precarização da Educação do Campo na referida região e servirão de base para futuras análises teóricas, de maneira especial nos estudos migratórios. Concluiu-se que existe uma estreita relação entre o fechamento das Escolas do Campo e o fenômeno da desruralização provocada por diversos fatores, dentre eles o aumento do latifúndio, os conflitos agrários, a precarização das estradas e vicinais (ramais de acesso às propriedades camponesas), pouco investimento e incentivo de políticas públicas voltadas para agricultura familiar, a precarização e o fechamento das Escolas do Campo e muitos outros fatores que provocam as migrações compulsórias do campo para as cidades e, simultaneamente, para outras regiões do Brasil ou outros países. Confirmou-se que o fechamento das Escolas do Campo força as famílias à migração para garantir a permanência dos filhos, especialmente das crianças na escola. Nessa perspectiva constatou-se que as famílias migram porque as Escolas do Campo são fechadas, e não o contrário.    

Palavras-chave: migrações; desruralização; educação; economia de remessas.

 

 

Breves reflexões sobre a Educação do Campo e a Pedagogia da Alternância

Evaldo Albani Procópio (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste estudo abordamos a Educação do Campo proposta pelos movimentos camponeses. Um modelo de educação elaborado a partir das demandas do campo para atender os filhos dos agricultores numa perspectiva participativa e de iteração com a realidade, que exige uma metodologia própria que é a Pedagogia da Alternância. Isso difere muito da tradicional educação rural que funciona como instrumento do capitalismo objetivando a negação do campo e a preparação para o trabalho nas cidades. A partir da década de 1980, os movimentos camponeses, incomodados com esse modelo de educação urbana replicado no campo, começaram a elaborar alternativas.   Assim, foi surgindo aos poucos, a Educação do Campo pautada num projeto de sociedade, resultado de uma relação histórica de luta pela terra e pelas melhorias da vida no campo. De acordo com Molina (2006, p. 10), “a especificidade da Educação do Campo, em relação a outros diálogos sobre educação deve-se ao fato de sua permanente associação com as questões do desenvolvimento e do território no qual ela se enraíza”. Para Caldart (2002, p. 22), “é um projeto de educação que reafirma como grande finalidade da ação educativa ajudar no desenvolvimento mais pleno do ser humano, na sua humanização e inserção crítica na dinâmica da sociedade de que faz parte”. Com estas pistas de análise, aprofundamos a temática no campo teórico e compreendemos como a Pedagogia da Alternância significa uma tentativa de metodologia voltada ao desenvolvimento integral do jovem camponês que consegue vincular o conhecimento empírico dos agricultores (família) com o conhecimento científico (escola e academia), alternando períodos em casa e na escola ou universidade. A Pedagogia da Alternância tem ampliado os conhecimentos dos camponeses inserindo-os em análises mais globais buscando superar a distância entre teoria e prática, e conjugando, de certa forma, saberes científicos com os saberes populares.

Palavras-chave: Pedagogia da Alternância; Escolas do Campo; saberes científicos com os saberes populares.

 

 

Breves análises da incidência de Políticas Públicas voltadas para a Educação do Campo no Estado de Rondônia

Adalva Barbosa de Brito (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste trabalho analisamos alguns elementos que contribuem para a elaboração de políticas públicas voltadas para a Educação do Campo pensadas na perspectiva do Movimento Nacional da Educação do Campo tendo por base as experiências em curso no Estado de Rondônia. Tais políticas públicas incluem as diversas experiências de formação continuada de educadores do campo incluindo a importante contribuição e influência dos movimentos sociais camponeses, o papel da universidade, as novas metodologias e os processos que culminaram no curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Rondônia. Este estudo tem como objetivo analisar as teorias que apontam que o Movimento Nacional da Educação do Campo tem conquistado espaço no cenário sociopolítico nacional por meio de movimentos sociais e outras instituições ligadas a estes movimentos, os quais vêm desencadeando estratégias de mobilização e lutas pela efetivação do direito à educação. Esse movimento tem se posicionado  contra o fechamento das escolas públicas localizadas no campo e sua precarização. Ao mesmo tempo, tem mantido vivo o debate em torno da importância de uma educação do campo pública e de qualidade. 

Palavras-chave: políticas públicas; escola pública do campo;

 

 

Ensino com Mediação Tecnológica e a precarização da Educação do Campo em Alto Alegre dos Parecis

Ezequiel  Ramos Ferreira (EDUCAMPO/UNIR)

Gean Farias Ferreira (EDUCAMPO/UNIR)

Leandro Eneias da Silva (EDUCAMPO/UNIR)

 

O presente trabalho tem como base a educação no Brasil, que vive processos de intensas transformações com a intervenção das novas metodologias tecnológicas. Resultado da arbitrária intervenção institucional governamental, que se propõe alterar os métodos da educação básica. Apoiado pela Secretaria de Estado  da Educação (Seduc) o projeto constituído pela Lei n 9.394/96, prevê a extensão da Mediação Tecnológica aos pontos mais distantes do estado de Rondônia, visando o Ensino Médio em escolas da rede pública. Estendendo-se, ainda a algumas aldeias de etnias indígenas. Neste estudo apresentamos os impactos e a influência da Mediação Tecnológica nas Escolas do Campo localizadas na Vila Bosco, no Distrito de Alto Alegre dos Parecis. O trabalho de campo foi realizado com jovens indígenas destas escolas e reabre as discussões sobre os  impactos causados no processo de aprendizagem com destaque para a fragmentação das culturas locais, demissão de professores substituídos por técnicos genéricos, deficiência no ensino, desestímulo dos jovens e a total precarização do ensino nas Escolas do Campo com Mediação Tecnológica.

Palavras-chave: Mediação Tecnológica; Culturas Indígenas; Educação do Campo.

 

 

As políticas educacionais para a educação do campo: uma estratégia imperialista para silenciar a luta contra a hegemonia capitalista.

Silmar Oliveira dos Santos (SEMED/CEMEHIA/UNIR)

 

O presente artigo pretende apresentar uma discussão introdutória sobre as políticas públicas educacionais voltadas para a educação do campo, para isso foi realizada a delineação das principais políticas educacionais direcionadas às escolas do campo, analisando criticamente as origens dessas políticas, seus objetivos, o contexto histórico, político e econômico em que foram implantadas. O objetivo primordial é compreender e destacar as relações de dominação existentes nas políticas educacionais para a educação do campo, causadas pelo imperialismo que se infiltra de maneira taciturna por meio dos organismos internacionais de financiamento nessas políticas. O enfoque metodológico desse trabalho é no materialismo histórico dialético, pois esse método permite compreender um fato social em sua totalidade e a partir dessa compreensão possibilitar uma intervenção transformadora. Onde é realizada uma análise de totalidade, dialetizando o particular, no caso em questão as políticas voltadas para a educação do campo, com o universal. Como instrumentos de coleta utilizou-se: a pesquisa bibliográfica e análise documental. A pesquisa bibliográfica foi pautada em materiais que tratam sobre a educação do campo e as políticas públicas destinadas a ela. Após fez se a leitura e estudos destacando os pontos principais, que foram utilizados na redação do trabalho e como suporte teórico. A pesquisa documental foi realizada, por intermédio da análise de leis, portarias, decretos, resoluções, diretrizes e análise de dados do Censo Escolar.

Palavras-chave: Educação do Campo; Políticas Educacionais; Censo Escolar; Estratégia Imperialista.

 

 

Camponeses privados do direito à educação

Sueli Borges Gonçalves (EDUCAMPO/UNIR)

Jociel Antonio Gonçalves (SEDUC/RO)

 

Este trabalho objetiva conhecer a realidade da Educação do Campo, e a luta dos camponeses, na tentativa de alcançar melhor qualidade de vida, também através da Educação. Esta temática apresenta informações importantes recolhidas em narrativas de camponeses e camponesas que sofreram e sofrem com o descaso do governo, em relação à educação precária e de má qualidade oferecida aos povos do campo. Paulo Freire nos mostra em sua obra Pedagogia do Oprimido, que a opressão é sofrida no campo e nas periferias das grandes cidades. Com base no que nos diz o autor, aprofundamos o tema buscando possíveis alternativas para os problemas enfrentados pela classe oprimida que percebe que a educação é um direito que lhes está sendo negado. Por meio de rápida pesquisa de campo, visitamos e ouvimos alguns camponeses nos arredores do município de Santa Luzia D´Oeste, região da Zona da Mata do Estado de Rondônia. Constatou-se que os camponeses outrora privados do direito à educação tiveram uma formação limitada. Muitos apenas sabem ler e escrever o básico. Entretanto, possuem uma capacidade de leitura de mundo que poderia ter sido amplamente desenvolvida se tivessem tido a oportunidade de uma educação voltada para sua realidade e contexto.

Palavras-Chave: Educação do Campo; Paulo Freire; Pedagogia do Oprimido; camponeses.

 

 

Desafios na educação de jovens e adultos na perspectiva da Educação Libertadora de Paulo Freire

Adriano Bueno (EDUCAMPO/UNIR)

 

A Educação de Jovens e Adultos – EJA, oferecida aos camponeses tem sido um desafio nos dias atuais. Acorrem à EJA pessoas que perderam por algum percalço da vida a oportunidade de estudar no segmento regular e na idade adequada. Por isso, muitos veem na EJA uma oportunidade valiosa de iniciar ou retomar os estudos. Os dados levantados em nossa pesquisa de campo, utilizando-se da técnica da entrevista, da observação participante e de registro fotográfico, revelam que muitas Escolas do Campo funcionam apenas no período diurno e no período noturno os prédios permanecem fechados enquanto muitos camponeses se deslocam para as escolas da cidade para participar da EJA. Esta realidade faz com que os camponeses percam aquela que pode ser para muitos a última oportunidade de ingressar ou retomar os estudos. Pautado no arcabouço teórico de Paulo Freire (1996, 1981 e 1987) que insiste em uma escola inserida na realidade dos educandos, argumentamos que as instituições de ensino poderiam atender os alunos de EJA nos mesmos prédios das Escolas do Campo sem haver a necessidade de deslocamento para a cidade em detrimento de um tempo valioso que poderia ser melhor ocupado com o aprofundamento dos estudos ou com merecido descanso dos camponeses. Percebeu-se também que a escola inserida na realidade dos educandos promove maior envolvimento destes com a sua realidade e resulta em uma educação mais contextualizada e libertadora nos moldes de Paulo Freire.

Palavras Chave: Educação de Jovens e Adultos; Camponeses; Desafios; Perspectivas.

 

 

Trocas de saberes e culturas nas Escolas do Campo

Rondinelli da Costa Silva (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste trabalho buscamos aprofundar um modelo de educação que integra a comunidade com a Escola do Campo. Parte da necessidade de se buscar meios que favoreçam espaços alternativos e culturais nos processos educativos para que os alunos das escolas do campo estejam mais integrados com a comunidade local, valorizando assim as culturas e saberes da sua comunidade. Fundamentado nos princípios da Educação Popular, dialogamos com Clodomir de Moraes em sua obra “Teoria da Organização ̋ e Moisey Pistrak em  “Fundamentos da Escola do Trabalho” refletiu-se sobre a auto-gestão da escola do trabalho que de certa forma vincula a  cultura e os saberes populares da localidade através da participação dos educandos nas atividades recreativas envolvendo toda a comunidade. As atividades foram inspiradas nas aulas-públicas, nas noites culturais e nas rodas de conversas realizadas no Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Rondônia, Campus Rolim de Moura. Os resultados, entretanto, superaram as expectativas e promoveram grande interlocução entre a escola e a comunidade que parece animada a dar continuidade ao processo de interação com os educandos(as), educadores(as) e comunitários(as) num processo continuo de aprendizagem que extrapola as paredes da escola.

Palavras chaves: Educação do Campo; Comunidade; Saberes; Culturas.

 

 

Educação do Campo na perspectiva do Movimento Sem Terra: atualidades no debate freiriano em Rondônia

Francisco Reginaldo de Oliveira (EDUCAMPO/UNIR)

 

No presente trabalho apresentamos alguns elementos que contextualizam o projeto de Educação Popular Libertadora desenvolvido nas Escolas do Campo do Movimento do Sem Terra em Rondônia, à luz do projeto Freiriano. A discussão teórica tem como base o debate de Caldart (2012) que relaciona a Pedagogia da Educação do Campo com a Pedagogia Libertadora de Paulo Freire tendo como referência a atuação do movimento social e seu papel de tencionar e pressionar o Estado para a elaboração de políticas públicas de expansão e melhoria da rede escolar, da garantia de acesso de todos à escola, ao conhecimento e à cultura. A Educação Libertadora “bebe” na fonte de grandes pensadores da educação revolucionária, como Pistrak, Makarenko, Krupskaya, entre outros, e nos coloca diante do pensamento freiriano e suas concepções socialistas no campo da educação revolucionária. O objetivo de nosso estudo é aprofundar o conceito de Educação do Campo  na perspectiva do camponês que compreende que “a terra é mais que terra”, é espaço vivencial e lugar de lutas perpassadas também pela educação. Trata-se de um conceito carregado de elementos da identidade camponesa em sua historicidade e processos pedagógicos de importantes mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas.

 Palavras-chave: Pedagogia Libertadora; Movimento Sem Terra; identidade camponesa.

 

 

Contação de história e mediação de leitura: formando leitores no ensino fundamental por meio da Pedagogia Freireana e da ludicidade

Jorge Antonio Lima de Jesus (UFPA)

 

Este trabalho tem como objetivo proporcionar um novo olhar sobre os saberes prévios dos alunos e a formação de leitores; considerando a importância das atividades práticas em sala de aula como a “Contação de Histórias” e “Mediação de Leitura”. A capacidade de fazer de conta é uma das características mais relevantes desde a infância, pois está diretamente ligada ao desenvolvimento cognitivo e físico dos seres humanos. Freire (1999) introduz em Pedagogia da autonomia uma crítica à ideia de que ensinar é transmitir saber por que para ele, a missão do professor é possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Freire (1998) dizia que "os homens se educam entre si mediados pelo mundo". Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo". Caso contrário, o aluno será um mero receptor de informações e o que o professor deve propor é a construção do saber de forma conjunta, em que “o professor se aproxima dos conhecimentos prévios dos estudantes, para com essas informações serem capaz de apresentar os conteúdos aos alunos, que terão poder e espaço para questionar os novos saberes” (FREIRE, 1999). E por meio da “Contação de Histórias” e “Mediação de Leitura” pretende-se argumentar sobre a sua importância para o desenvolvimento individual e social, demonstrando esse ponto de vista, apresentando diferentes formas de se contar e mediar histórias/leituras e compreender como elas contribuem no despertar do prazer pela leitura nos indivíduos que estão no Ensino Fundamental, objetivando formar futuros leitores e apreciadores da Literatura Amazônida e Brasileira. Para este estudo, a fundamentação teórico-prática dos autores Ferreiro (1984), Freire (1998; 2010), Kaercher (2001) e Moraes (2012), pois por meio destas metodologias de leitura na Educação mostramos um mundo social e subjetivo para os educandos assim como a sua própria construção de sujeito de direito. A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, que propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua. O conjunto das palavras geradoras possibilitam com sucesso a alfabetização e formação de leitores, oportunizando uma formação crítica e cidadã destes sujeitos.

Palavras-chave: Contação de Histórias; Mediação de Leitura; Ludicidade; Pedagogia Freireana.

 

 

Relação entre escola e comunidade na práxis da Educação do Campo

Josiane Santos de Souza (EDUCAMPO/UNIR)

Patrícia Santos Souza (EDUCAMPO/UNIR)

Edimar Monteiro da Costa (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste artigo apresentamos alguns fragmentos dos resultados de uma pesquisa de campo pautada no interesse de avançar os estudos da relação entre comunidade e escola tendo por referência a experiência da comunidade do assentamento 14 de Agosto na construção da escola Silvio Rodrigues. Partimos de uma reflexão voltada para a Educação do Campo, na qual a escola encontra-se inserida na vida cotidiana da comunidade e faz parte da sua construção coletiva. Ou seja, a escola encontra-se estreitamente ligada com a vida da comunidade. De acordo com Araújo (2016, p. 138), “as relações culturais que perpassam pela vida no assentamento fazem parte da formação integral destas crianças e jovens. É no interior da comunidade, que se dão as principais lições de vida e amor à terra. Para nós a educação transcende o espaço físico da escola e aflora para a vida”. Nessa perspectiva, objetivamos apresentar, pautado também nos estudos de ARROYO (2004), CALDART (2010), MOLINA (2004), alguns elementos que definem a inter-relação da escola com a comunidade traçando alguns paralelos que definem um processo de educação coletivo que não desvincula a criança da comunidade e nem a comunidade da escola. Concluímos que essa escola contribui para reafirmar a identidade camponesa, a luta pela terra e por uma sociedade mais justa. Nessa comunidade se vivencia os princípios da Escola do Campo pautada nas práxis dos camponeses, com convicção de que a educação acontece em todos os espaços. E como bem diz Paulo Freire: “[...] as pessoas se educam coletivamente”.

Palavras-chave: Escola; Comunidade; Práxis; da Educação do Campo.

 

 

Desafios e perspectivas da pedagogia das Escolas do Campo

Leandro de Souza Xavier (EDUCAMPO/UNIR)

 

Este artigo é resultado de uma pesquisa de campo realizada em determinada  Escola Municipal de Ensino Fundamental, no município de Ji-Paraná, no Estado de Rondônia, com o objetivo de observar, conhecer, debater e apresentar alguns elementos do trabalho pedagógico desenvolvido pelos/as professores/as e pela Secretaria Municipal de Educação que vem se tornando uma referência nacional no trabalho com escolas do campo. Trata-se de um projeto vinculado ao Programa Educampo da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão –SECADI, do Ministério da Educação – MEC. O Educampo da Semed de Ji-Paraná vem realizando experiências importantes no sentido de estabelecer metodologias específicas para Educação do Campo no sentido de ampliar a prática docente a partir dos desafios apresentados pelas crianças do campo em seu contexto. Nosso estudo iniciou com a caracterização da escola do campo observando a infraestrutura, funcionários, projetos escolares, professores, formação, tempo de trabalho na instituição e identificação com o Projeto Educampo. Procurou-se evidenciar a relação dos conteúdos com a realidade desses alunos. Analisou-se o projeto político pedagógico da Escola do Campo em questão concluindo que se trata de concepções de educação opostas ao sistema tradicional de educação rural que desempenha o papel de inserir os sujeitos do campo na cultura capitalista urbana, tendo um caráter marcadamente “colonizador”, conforme analisa Paulo Freire (1982). As análises do Projeto Educampo da Semed de Ji-Paraná apontam que o que está ocorrendo nas escolas do campo do município é uma verdadeira revolução da educação que vem trabalhando a questão da identidade camponesa, articulação do conteúdo com a realidade dos alunos, a valorização do homem do campo presente no projeto político pedagógico da escola e a consolidação da Educação do Campo, como um novo paradigma que orientará o currículo e a prática pedagógica nas escolas.

Palavras-chave: Identidade Camponesa; Pedagogia das Escolas do Campo; revolução na Educação do Campo.

 

 

Afirmação da identidade camponesa

Edilaine Santos Barros (EDUCAMPO/UNIR)

 

Este trabalho retrata a identidade camponesa nos meios sociais vinculados à relação com a terra, a comunidade, o cultivo e os valores. Buscamos conhecer a realidade local para reafirmar essa identidade que se elabora desde a preservação das sementes criolas, na acolhida simples de quem chega à casa de um camponês e até na relação entre vizinhos. O estudo tem como finalidade aprofundar a práxis dessa afirmação que se dá na resistência e enfrentamento ao sistema de exclusão que atualmente vigora na sociedade. Observamos como a formação universitária de educadores e educadoras do Campo pode contribuir para a afirmação da identidade camponesa. A pesquisa se pauta numa revisão bibliográfica do pensamento de Paulo Freire na trajetória da “Educação Popular” na lógica da sua “Pedagogia libertadora” que prevê uma práxis revolucionária essencialmente autêntica na condução de uma teoria que não se separa da prática.

Palavras-chave: identidade camponesa; resistência; formação; inclusão; sociedade.

 

 

A escola formal como mecanismo de negação de identidades

Jhose Luciano da Silva (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste estudo aprofundamos a temática do sistema educacional enquanto reprodutor e legitimador das relações de dominação através da ideologia da classe dominante. As obras “Educação Popular” de Paulo Freire e “a Educação formal e não-formal: pontos e contrapontos” de  Jaume  Trilha, demonstram que a influência de uma concepção cultural desvinculada do contexto da escola e dos alunos, pode contribuir para a precarização da educação e para  a negação das identidades locais. Em seus estudos, os autores apontam que a escola pode ser vista como um espaço de reprodução dos mecanismos de negação da identidade, de modo especial da identidade camponesa, mas também, e principalmente, como um espaço propício à transformação da realidade a qual se encontra por meio de metodologias que favoreçam uma educação contextualizada e em sintonia com a realidade dos educandos. De maneira especial avaliamos os mecanismos de negação de identidades reproduzidos em escolas do campo que persistem no uso de pedagogias urbanas adaptadas de forma precária ao contexto do campo. Apontamos em nossa pesquisa alguns dos inúmeros prejuízos desse modelo de escola tradicional ainda bastante utilizado nas escolas do campo, tendo por referência os resultados de uma observação participante em uma determinada escola do campo no município de Alvorada do O´Este, na região central de Rondônia. Ao mesmo tempo, observamos tentativas de rompimento com o paradigma urbano que preconiza a negação da identidade camponesa e possíveis metodologias adequadas à realidade das Escolas do Campo capazes de reverter processos históricos de dominação através da formação de professores e de outros elementos apontados no nosso estudo.

Palavra chave: Educação Formal; Negação de Identidades; Escolas do Campo

 

 

Desafios e perspectivas da pedagogia das Escolas do Campo

Leandro de Souza Xavier (EDUCAMPO/UNIR)

Este artigo é resultado de uma pesquisa de campo realizada em determinada  Escola Municipal de Ensino Fundamental, no município de Ji-Paraná, no Estado de Rondônia, com o objetivo de observar, conhecer, debater e apresentar alguns elementos do trabalho pedagógico desenvolvido pelos/as professores/as e pela Secretaria Municipal de Educação que vem se tornando uma referência nacional no trabalho com escolas do campo. Trata-se de um projeto vinculado ao Programa Educampo da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão –SECADI, do Ministério da Educação – MEC. O Educampo da Semed de Ji-Paraná vem realizando experiências importantes no sentido de estabelecer metodologias específicas para Educação do Campo no sentido de ampliar a prática docente a partir dos desafios apresentados pelas crianças do campo em seu contexto. Nosso estudo iniciou com a caracterização da escola do campo observando a infraestrutura, funcionários, projetos escolares, professores, formação, tempo de trabalho na instituição e identificação com o Projeto Educampo. Procurou-se evidenciar a relação dos conteúdos com a realidade desses alunos. Analisou-se o projeto político pedagógico da Escola do Campo em questão concluindo que se trata de concepções de educação opostas ao sistema tradicional de educação rural que desempenha o papel de inserir os sujeitos do campo na cultura capitalista urbana, tendo um caráter marcadamente “colonizador”, conforme analisa Paulo Freire (1982). As análises do Projeto Educampo da Semed de Ji-Paraná apontam que o que está ocorrendo nas escolas do campo do município é uma verdadeira revolução da educação que vem trabalhando a questão da identidade camponesa, articulação do conteúdo com a realidade dos alunos, a valorização do homem do campo presente no projeto político pedagógico da escola e a consolidação da Educação do Campo, como um novo paradigma que orientará o currículo e a prática pedagógica nas escolas.

Palavras-chave: Identidade Camponesa; Pedagogia das Escolas do Campo; revolução na Educação do Campo.

 

 

 

Princípios pedagógicos da Educação Libertadora em Paulo Freire

Marcia Corvello Pinheiro (EDUCAMPO/UNIR)

 

Em 1968, Paulo Freire definiu assim a Educação Libertadora: “A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens”. Partindo desta perspectiva se entende que os princípios da Educação Libertadora apresentados por Paulo Freire baseiam-se na inserção de homens e mulheres nos processos transformadores da sua própria realidade elaborando uma práxis libertadora capaz de retirar de dentro de si as alternativas de mudança pensando em toda a sociedade. Neste artigo retomamos o pensamento de Paulo Freire elaborando uma análise teórica dos princípios pedagógicos da sua Educação Libertadora enquanto projeto de sociedade. Tendo por base as suas obras “Educação como prática da liberdade” e Pedagogia do Oprimido, destacamos as suas principais propostas de metodologias libertadoras e os Círculos de Cultura que se constituíam em estratégia da educação libertadora que ocorre quando as pessoas se sentem “sujeitos de seu pensar, discutindo o seu pensar, sua própria visão de mundo, manifestada implícita ou explicitamente, nas suas sugestões e nas de seus companheiros” (FREIRE, 1982, p. 141).

Palavras-chave: Educação Libertadora; princípios pedagógicos; sociedade; Paulo Freire.

 

A Educação do Campo nos paradigmas da Educação Libertadora de Paulo Freire

Marcilio Alves Abidias (EDUCAMPO/UNIR)

Thaís Luanne Costa de Oliveira (EDUCAMPO/UNIR)

 

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a importância de uma educação voltada para a realidade. Baseado na metodologia participativa realizada com a técnica das “rodas de conversa” com educadores e educadoras de duas Escolas do Campo localizadas no Município de Alto Alegre dos Parecis, zona da Mata do Estado de Rondônia levantou-se os principais desafios e perspectivas dos educadores e educadoras do campo. O estudo está fundamentado nos paradigmas da Educação Libertadora de Paulo Freire que nos permite aprofundar, questionar, reorientar desconstruir ou afirmar a práxis de educadores e educadoras do campo.

Palavras-chave: Educadores e Educadoras do Campo; Paulo Freire; Educação Popular; Educação Libertadora.

 

Desafios da formação docente na Educação do Campo

Maria Dayane Vilarim (EDUCAMPO/UNIR)

 

Neste trabalho apresentamos alguns elementos que atestam o despreparo de educadores e educadoras que atuam nas escolas do campo tendo por referência os pressupostos básicos para a formação docente na perspectiva da educação emancipadora de Paulo Freire. Entende-se neste contexto que a formação docente representa a possibilidade de se desenvolver uma educação para a emancipação e autonomia do ser humano, priorizando a formação integral do educando a partir da sua realidade contextual e dos desafios da sociedade na qual está inserido. Um dos principais problemas observados em nossa pesquisa é a polarização de escolas do campo em núcleos urbanos desenvolvendo uma educação descontextualizada da vida dos educandos e ignorando seus referenciais. Este estudo objetiva demonstrar que a prática de educadores e educadoras que atuam com crianças camponesas sem a formação específica na área da Educação do Campo tem reduzido o alcance de um processo educativo emancipador fazendo com que, desde as séries iniciais, as crianças entrem num processo de negação da realidade do campo e, por conseguinte, da própria identidade camponesa, trazendo inúmeros prejuízos para sua formação.

Palavras-chave: Escolas do Campo; formação docente; educação descontextualizada; emancipação; Paulo Freire.

 

 

 

Eixo Temático 10:  Paulo Freire e Saberes Tradicionais

Coordenadores: Ms. José Joaci Barboza e Prof Dr  Zairo Carlos da Silva Pinheiro (UNIR)

 

Ementa: A proposta desde eixo temático é integrar estudos e pesquisas que visem articular os marcos teóricos freireanos à educação na Amazônia, e de modo especial a educação das populações indígenas e quilombolas. Reunir pesquisas e pesquisadores que busquem perceber como essas populações constroem suas "identidades" em contraposição aos discursos ocidentais e como a pedagogia freireana tem contribuído com as mesmas.

 

 

Eixo Temático 11:  Paulo Freire e Formação Docente

Coordenadora: Profª Drª Walterlina Barboza Brasil (UNIR)

Ementa: Este eixo busca evidenciar princípios e práticas na formação docente na perspectiva da pedagogia freiriana. A formação docente  abordada como campo específico da área da educação, entendida como um continuum e estruturado da relação entre teoria e ação que expressam a materialidade do pensamento em Paulo Freire: (a) formação inicial e continuada; (b) fundamento dialógico no processo de formação e (c) dimensão da educação enquanto prática política.

 

Estudo de caso: a importância da formação continuada para o docente na educação básica sobre o olhar de Paulo Freire

Daiane de Lourdes Alves (MCE/AEBRA)

Ângela Cutolo (MCE/AEBRA)

 

O presente artigo tem como base discutir a importância da educação continuada  para os docentes, tem como  finalidade fazer com que busque autonomia para desenvolver seu trabalho com qualidade, atualmente vivemos num mundo que o professor precisa estar constantemente preparado para receber o aluno, a formação continuada contribui muito para o processo de ensino-aprendizagem do professor, faz com que ele repense nas suas praticas. O aluno já vem com conhecimento, e cada aluno é diferente um do outro, por isso o professor deve se especializar buscar conhecimentos sempre, para não ficar para trás. Lembrando que o professor é a peça essencial para a formação do cidadão, quanto mais conhecimento ele tiver melhor será o desenvolvimento das aulas e com isso os alunos aprenderam melhor. O professor precisa colocar em pratica o que aprende em cursos de formação. Carece o professor trabalhar com a tecnologia e aprender a utilizar os equipamentos para chamar a atenção na sala de aula com os estudantes, fazer planejamento adequado. O professor necessita estar preparado para poder ter uma didática criativa para fazer com que os alunos aprendam o conteúdo, ele deverá criar formula para reorientar a aula, ensinando para que e ensinando para quem, é fundamental que o professor tenha consciência do que faz, porque faz e como faz, para poder confrontar com o que sempre fez e poder desenvolver e reconstruir  a sua prática. O professor nunca estará definitivamente preparado, a preparação se faz continuamente, dia apos dia, com isto desenvolverá suas práticas pedagógicas. A metodologia que permeia este ensaio fundamenta-se na pesquisa bibliográfica, tendo o escritor Paulo freire (1991, 1996, 2002), como referencia principal.

Palavras-chave: formação continuada; docente; qualidade.

 

Paulo Freire e o ato de ensinar: uma perspectiva da ação docente voltada à transformação individual e social

Sâmmya Faria Adona (IFRR/UFRR)

Clarice Gonçalves Rodrigues Alves (IFRR/UFRR)

Simone Alves Monteiro (IFRR/UFRR)

 

Este artigo faz uma leitura da obra Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire e por meio da análise de tópicos da mesma e de contribuições teóricas dos autores Jayme Paviani, Sonia Aparecida Ignácio e Hilton Japiassu propõe ampliar a compreensão sobre o ato de ensinar, suas características e especificidades.  Ao se desenvolver um trabalho como este, busca-se a clareza, discernimento e conduta de ideias projetoras freirianas e de uma educação significativa e transformadora contrapondo-se a concepções e metodologias presentes em algumas escolas brasileiras. A metodologia utilizada foi de revisão bibliográfica, abrangendo a literatura dos autores supracitados, prevalecendo os aspectos qualitativo, interpretativo e crítico no entrelaçar da obra Pedagogia da Autonomia. A relevância desse trabalho se faz ao contrapor os ideais citados por Paulo Freire com a realidade escolar dos dias atuais, fortalecendo o consenso com as contribuições de Paviani, Ignácio e Jápiassu. Logo, percebe-se que Freire deixou aportes valiosos que devem ser aplicados, não apenas ditos, para que mudanças sejam vistas e vividas na educação brasileira. Assim, os conteúdos implícitos, a didática, a formação docente, e a interferência que isso provoca no aluno, este ser em formação, traz a inquietação da pedagogia vista no âmbito escolar. Contudo, é preciso que o educador tenha feeling para se encontrar nesse processo de busca e transformações onde o aluno tem voz e respeito perante o educador, por sua vez este, traz consigo a confiança nas suas atitudes, planejamento e sabedoria em seus atos, para dar continuidade a um processo ilimitado de aprendizagem, busca e formação do ser.

Palavras-chave: Paulo Freire; ensino; docência.

Educampo: contextualizando o currículo na proposta da pedagogia da alternância

Janete de Araújo Pereira (SEMED/Ji-Paraná, RO)

Leiva Custódio Pereira (SEMED/Ji-Paraná, RO)

Nilda Pereira de Lima Gera (SEMED/Ji-Paraná, RO)

 

O presente trabalho resulta da implantação da Pedagogia da Alternância na Educação do Campo no município de Ji-Paraná, e a adequação curricular às Diretrizes para a Educação Básica do Campo.   Diante deste desafio, a pesquisa desdobrou-se em conhecer in loco o trabalho da Escola Família Agrícola de Ji-Paraná e a Rede Municipal de Ensino de São Mateus/ES, estabelecendo parceria entre os profissionais para troca de experiências e formação e na pesquisa bibliográfica nos documentos do Ministério da Educação, do Conselho Nacional e Municipal de Educação, bem como de Freire (1997), Nosella (2007), Pistrak (2002). Apresenta ainda a necessidade da discussão sobre a Pedagogia da Alternância enquanto uma prática de interação e de significações, que é realmente praticada e não apenas modelo de mais uma proposta de participação dos envolvidos e da importância de se tornar uma política consolidada para as escolas do campo. E com isso, contextualizou e implantou a Pedagogia da Alternância, que visa a formação integral da pessoa e do meio, tornando-o sujeito de transformação e protagonista do conhecimento e de seu processo de formação, buscando o desenvolvimento contínuo das potencialidades humanas em todas as dimensões em duas instituições como projeto piloto.  O feedback veio em forma do envolvimento dos alunos, comunidade e profissionais de cada instituição nas ações desenvolvidas, no ressurgimento do sentimento de valorização e pertencimento, no resgate do desejo da permanência no Campo e na percepção de que a nova proposta prepara os alunos para o sucesso sem prejuízo de sua identidade.

Palavras-chave: Pedagogia da alternância; formação integral; currículo.

 

O Ensino Médio Mediado pelas Tecnologias na Amazônia: o “pensar certo”

Elizane Assis Nunes (UNIR)

Laís Flores Rodrigues (UNIR)

Maísa Alves Líns (UNIR)

 

Esta pesquisa tem como tema principal o uso das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) na educação. Nossa problemática é: qual é a concepção dos alunos em relação ao processo de ensino e aprendizagem, que acontece por meio do projeto de Ensino Médio com mediação tecnológica, nas escolas de Guajará-Mirim - RO? No ano de 2016 iniciou-se no Estado de Rondônia por meio da SEDUC- RO, (Secretária de Educação do Estado de Rondônia) o projeto que propõe atender o Ensino Médio com recursos tecnológicos, principalmente nas áreas mais afastadas do centro urbano e municípios que sofrem com a falta de professores habilitados em algumas disciplinas. Guajará Mirim foi um dos municípios que experimentou essa nova proposta de ensino. Nesse sentido, resolvemos descrever sobre o nível de aprendizado alcançado diante dessa nova realidade de ensino mediado pelas tecnologias. Escolhemos os próprios sujeitos da aprendizagem para a nossa coleta de dados. A pesquisa foi qualitativa, descritiva de estudo de campo. O instrumental foi um questionário com uma pergunta para os alunos de uma escola, entre as outras localizadas no município de Guajará-Mirim. Nas considerações finais encontramos duas concepções distintas. A primeira, a maioria, de insatisfação e a segunda de anuência.  Diante desse resultado, fizemos uma reflexão teórica mais aprofundada e percebemos a necessidade da formação de professores, de bons recursos tecnológicos e estrutura física adequada para que seja possível pensar a educação mediada pelas tecnologias na Amazônia. Destacamos o “pensar certo” da verdadeira humanização do homem assumida por Paulo Freire (2011).

Palavras-chave: TIC; Mediação; Ensino e Aprendizagem.

 

Jogos no ensino de matemática como possibilidade de se estabelecer um diálogo freireano entre a matemática escolar e a cultura dos alunos

Jorge Antonio Lima de Jesus (UFPA)

 

Na tentativa de facilitar o ensino da Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, tornando-a menos abstrata e rígida em relação a seus conteúdos específicos e mais próxima à realidade dos alunos, este trabalho tem como objetivo mostrar um olhar diferenciado sobre os saberes prévios dos alunos e a prática pedagógica na sala de aula dos conteúdos matemáticos, a partir da cultura dos alunos e da pedagogia freireana propondo uma metodologia lúdica da autonomia sobre a Educação Matemática. Freire (1999) introduz Pedagogia da autonomia explicando suas razões para analisar a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser e de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um sujeito social e histórico, e da compreensão de que "formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas". Define essa postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de "ética universal do ser humano", essencial ao trabalho docente. Compreende-se que o educador deve estar sempre em constante formação, pois o ser humano demonstra sua capacidade, desenvolvendo suas habilidades por meio da profissão. Caso contrário, o aluno será um mero receptor de informações e o que o professor deve propor é a construção do saber de forma conjunta, em que “o professor se aproxima dos conhecimentos prévios dos estudantes, para com essas informações serem capazes de apresentar os conteúdos aos alunos, que terão poder e espaço para questionar os novos saberes” (FREIRE, 1999). As concepções metodológicas deste trabalho estão pautadas nos princípios da pesquisa qualitativa, baseada na abordagem etnográfica, a fim de sistematizar conhecimentos sobre necessidades e dificuldades da interação entre a Matemática escolar e a cultura local observadas na disciplina de Estágio do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará, em uma escola pública do bairro do Guamá, em Belém do Pará. Para este estudo, foram utilizados como base teórica: Ubiratan D’Ambrósio; André D’Ângelo; Paulo Freire; Sebastiani Ferreira; Robert Bogdant e Sari Biklen. É possível indicar que as vivências utilizadas e ressignificadas, através de registros e análises sob o olhar da Educação Matemática por meio de jogos matemáticos e da pedagogia freireana contribuem para o reconhecimento da influência dos conhecimentos prévios dos alunos no processo de ensino-aprendizagem da Matemática escolar, assim como oportuniza uma formação crítica e cidadã destes sujeitos.

Palavras-chave: Educação Matemática; Matemática Escolar; Etnomatemática; Ludicidade; Pedagogia Freireana.

 

Fórum de estudos: leituras de Paulo Freire - um tempo e espaço de formação na experiência do Rio Grande do Sul

Ana Lúcia Souza de Freitas (PMPGE/UNISINOS)

Cleiva Aguiar de Lima (IFRS)

 

O Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire, realizado anualmente no Rio Grande do Sul, desde 1999, vem se consolidando como um tempo e espaço de formação que nos desafia a ser mais, na relação com o outro. As peculiaridades de sua organização, marcadas pela itinerância  de um percurso de dezenove anos de experiência, caracterizam-no como um movimento potencialmente (trans)formador. Este entendimento orientou a análise de uma experiência de participação no Fórum, com vistas a compreender e problematizar a escrita continuada da educadora que, no período de 2006 a 2016 (da VIII a XVIII edição), totalizou a produção de onze trabalhos. Para tanto, foi realizada uma análise documental, com base no acervo pessoal da educadora, bem como nos registros disponíveis relacionados ao evento, tais como folders, anais impressos, cds e sites. Também foram utilizados os registros pessoais das autoras, ambas participantes há mais de dez anos do Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freira. Com base na análise realizada, foi possível vislumbrar três fundamentos conceituais de um percurso formativo orientado pelo pensamento freireano: a leitura, a escrita e o diálogo. A obrigatoriedade da escrita vem revelando seu potencial (trans)formador ao mobilizar o diálogo, tensionando as relações entre os saberes da experiência e os saberes de referência. Desse modo, a complementaridade entre a leitura de mundo e a leitura da palavra se tornam forma e conteúdo no movimento em que a politicidade/rigorosidade das Leituras de Paulo Freire problematizam a itinerância do Fórum. A análise realizada também contribuiu para reafirmar os fundamentos da Carta-compromisso, deliberada na X edição do Fórum, bem como para atualizar a reflexão a este respeito, concebendo-os como um desafio permanente diante da complexidade de sua operacionalização. No âmbito desta reflexão, muitos são os questionamentos que se apresentam à continuidade da organização do evento. Entre eles, como incentivar a expressão da identidade de cada grupo/instituição que acolhe o evento, sem perder de vista a unidade dos princípios que caracterizam o Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire como um tempo e espaço de (trans)formação permanente?

Palavras-chave: Leituras de Paulo Freire; formação permanente; percurso formativo .

 

“A importância do ato de ler”: leitura e escrita

Ivanilda Sabino Lopes (UNIR)

Maria do Socorro Gomes Torres (UNIR)

 

A comunicação discutirá o contexto da leitura e da escrita e os significados que estão relacionados com a postura do profissional da Educação, ou seja, discutiremos didaticamente o que permite o professor identificar e reconhecer as diferentes maneiras aprendizagem que levam à Leitura. Para isso levamos em conta as discussões propostas por Paulo Freire, principalmente a compreensão do mundo imediato, o contexto da “palavramundo”, “lições de leitura” e memorização. A ideia é retomar essas questões como fonte do conhecimento contemporâneo, problematizaremos porque a escrita e a leitura não podem ser vistas apenas como uma atividade de letramento, mas acima de tudo a possibilidade de envolvimento social, formas de expressão, ferramentas importantíssimas no processo de comunicação escolar e social. Metodologicamente a ideia é retomar discussões que se encontram no texto de Paulo Freire, principalmente aquelas relacionadas com a leitura. Por isso, é de fundamental importância que o profissional desenvolva um pensar pedagógico no qual envolve ação-reflexão-ação utilizando o processo de compreensão, instrução, avaliação, nova compreensão ou simplificadamente ação-reflexão-ação. Retomamos “A importância do Ato de Ler” no qual buscamos fazer um paralelo com a realidade encontrada em Estágios de Séries Iniciais do Curso de Pedagogia I, Polo de Chupinguaia, detectando a forma de leitura e escrita encontrada, indagando se os direcionamentos voltam-se para um leitor/escritor proficiente, se, no ato educativo o ato político é possível, se, professor-aluno vêm a realidade desvelada, como espectador e como compartícipe? Como ler cada vez mais e melhor o texto e contexto, da maneira enfatizada por Paulo Freire? Como trabalhar a conscientização da educação formal e informal, como aprender, compreender todos os dias, ser curioso? Como ler o mundo, ler a palavra, anunciada, transformar-se? Eis ao que nos propomos.

Palavras-chave: Paulo Freire; Leitura; Estágio Supervisionado.

 

Ensino de Sociologia como via democrática: contextos políticos e a intermitência da disciplina na educação básica

Laura Senna Ferreira (UFSM)

 

O presente estudo tem como mote compreender o papel da Sociologia na educação básica. Busca-se conhecer as razões que levam à intermitência da disciplina no ensino médio, associando os processos de institucionalização escolar aos diferentes contextos políticos brasileiro. Tradicionalmente, a disciplina de Sociologia tem sido vinculada à formação da cidadania e à participação dos jovens nos processos de mudança social. A partir desse debate, pretende-se compreender de que maneira são incorporadas as teorias e os conceitos sociológicos no âmbito escolar. Questiona-se até que ponto o caráter que a Sociologia tem assumido no ensino médio é o fator que explica a fragilidade do processo de institucionalização da disciplina, a qual, com frequência, encontra-se vulnerável às transformações do contexto político, como é o caso ora em andamento com a Medida Provisória 746/2016 de reforma do ensino médio, que retira a obrigatoriedade da disciplina na educação básica. Tendo por base a perspectiva de que a ciências sociais na escola tem um papel tanto teórico como político, busca-se compreender os obstáculos para sua efetiva institucionalização à luz da teoria de Paulo Freire. Freire foi um precursor da educação popular, na medida em que sua ênfase recaiu na formação continuada como possibilidade de transformar a realidade, a partir do protagonismo dos sujeitos. O autor compreendia “que a reflexão, se realmente reflexão, conduz à prática”. Estava preocupado com a democratização da cultura e com as possibilidades de uma educação “problematizadora”, capaz de romper com as forças sociais da subalternidade. A educação democrática ocorreria a partir do diálogo que torna possível a reflexão-ação com potencial transformador. Com base da abordagem freireana, e na interface entre acadêmica e escola, indaga-se até que ponto os impedimentos que a Sociologia tem sofrido nos seus processos de institucionalização escolar estão associados aos seus potenciais de transformação da realidade social.

Palavras-chave: Ensino de Sociologia; Medida Provisória 746; Paulo Freire

 

Estágio supervisionado: uma relação entre teoria e prática no curso de Licenciatura em Pedagogia do CEST

Aila Pinheiro da Silva

Josineide Nascimento da Silva

Dayane Feitosa Lima

 

O presente trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento e enfatiza a relevância da relação entre teoria e prática durante o Estágio Supervisionado na formação de professores. A formação docente é essencial nos dias atuais para o progresso da educação, logo, o Estágio Curricular que é realizado durante o curso torna-se uma etapa fundamental neste processo, pois caracteriza-se como um momento em que conhecimentos teóricos e práticos sejam relacionados através da vivência do contexto escolar, possibilitando aos estagiários verificar, dialogar, refletir com a realidade e propor sugestões, além de ser espaço de conhecimentos e trocas de saberes. Desta forma, a presente pesquisa esta pautada nas experiências e vivências de estudantes de Pedagogia, propõe analisar as contribuições do Estágio Supervisionado na formação docente no que se refere à relação teoria e prática no curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de Estudos Superiores de Tefé-CEST. Trata-se de uma pesquisa com enfoque da abordagem qualitativa, utilizando-se da observação participante, com aplicação de questionários abertos e entrevistas, considerando a análise do discurso dos sujeitos envolvidos. Freire (2011) destaca que a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando apenas palavras e a prática, ativismo. Nesta perspectiva os resultados parciais apontam por meio das leituras teoria/prática como fundamentais durante o processo de formação, entendendo que não são suficientes apenas os instrumentos teóricos, é preciso que haja reflexão crítica da prática baseada em fundamentos teóricos, considerando também o estágio um caminho para construir pontes entre universidade e a escola de educação básica. Os resultados parciais trazem também concepções dos estudantes acerca do Estágio Supervisionado. Assim com este trabalho espera-se contribuir para as pesquisas futuras, colaborando com os docentes e discentes, na educação escolar e nas universidades, trazendo resultados positivos na formação de professores.

Palavras-Chave: Formação de Professores; Estágio Supervisionado; Teoria/Prática.

 

Tema Gerador no Curso de Licenciatura em Educação do Campo da UNIR

Nelbi Alves da Cruz (UNIR)

 

A proposta pedagógica elaborada para o Curso de Licenciatura em Educação do Campo de Rolim de Moura foi construída com base na pedagogia da alternância, que se articularia com Tempo Universidade (TU) e Tempo Comunidade (TC), em que esses espaços formativos necessitariam manter diálogos constantes e sistemáticos para garantir a ação-reflexão-com a realidade. Nesse sentido, o tema gerador proposto por Freire, com as devidas adaptações, se faria presente para direcionar o aprofundamento dos conteúdos nas áreas do conhecimento, cabendo a cada educador o papel de orientador e estimulador da práxis cotidiana dos acadêmicos. No entanto, desde o encaminhamento da pesquisa dos temas realizados no primeiro TU em 2015, ainda não se concretizou tal propósito, reduzindo-se o estudo ao âmbito das disciplinas com conteúdos isolados e seguindo lógicas que não condiz com a pedagogia da alternância. Assim, o trabalho resulta de observações e acompanhamento de ações do referido curso, diálogo com professores e estudantes, bem como do projeto aprovado pela UNIR.  O propósito é analisar a possibilidade coletiva em fazer funcionar tal pedagogia, como forma de ampliar com os educandos, projeções de atuarem como docentes que concebam a educação para além da visão disciplinar de conteúdos e que possam valorizar e conduzir a formação dos sujeitos a partir da realidade.

Palavras-chave: Pedagogia da alternância; Tema gerador; Licenciatura em Educação do campo.

 

A fotografia como ferramenta de reflexão: retalhos do cotidiano uma experiência fotográfica

Ana Cláudia Muler (UNIR)

Anderson Souza dos Santos (UNIR)

Alana Alencar Souza Teixeira (UNIR)

 

A fotografia demonstra alguns aspectos de um determinado objeto ou uma ação humana de certo modo “congelada”, apesar disso, ela é capaz de representar uma realidade, as percepções poderão ser diferentes sob o olhar de quem as vê. A experiência de cada sujeito, seus referenciais, suas culturas, os modos de colocar-se frente ao mundo fazendo leituras comuns, mas também únicas, nas fotos redimensionam o que é estático e dão movimento ao que é expresso pelo olhar do fotógrafo.  No ofício ou no deleite de captar imagens por meio das lentes de máquinas, o anseio daquele que o faz é revelado, mas não fica restrito a isso, aquele que vê, também constrói por meio da interpretação experiências com as imagens.  Nessa experiência investigativa adotou-se como metodologia a pesquisa participante, a qual permite a interação do pesquisador com o objeto, sendo que o mesmo apreende elementos da realidade do lugar pesquisado para formar conhecimento, que dialoga com a comunidade local, com o intuito de realizar uma ação coletiva, neste caso: Retalhos do cotidiano: uma experiência fotográfica, evento realizado no dia 03 de dezembro de 2016,  no Espaço Alternativo - um espaço utilizado para realização de feiras e eventos - em Rolim de Moura Rondônia, o local foi escolhido devido ao grande fluxo de pessoas que circulam durante a feira o que possibilitou um número satisfatório de expectadores. Todo o processo foi pensado, planejado e realizado pelos acadêmicos do curso de História vinculados ao Programa de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Rolim de Moura com o objetivo de compreender como trabalhar com imagens na sala de aula e provocar reflexões entre os expectadores, mediadas pela memória do lugar. Um dos eixos norteadores da pesquisa é o incentivo a autonomia do educando conforme Paulo Freire.

Palavras-chave: Fotografia; experiência; pesquisa participativa.

 

 

Gestão escolar freiriana: espaço de construção de identidade docente crítico-reflexiva

Lilian Moreira Cruz (Coletivo Paulo Freire/UDESC)

 

Uma gestão escolar freiriana que objetiva contribuir na formação permanente de professores e professoras está fundamentada na pedagogia da autonomia, na pedagogia da esperança e na pedagogia do diálogo. Assim sendo, foi pautada em um modelo de gestão democrática freiriana, que uma escola baiana fez a diferença em 2015 e 2016. Incentivou os docentes a buscar a autoformação e o desejo de transformação do espaço escolar em um ambiente propício para aprendizagem de sujeitos populares críticos e conscientes. De trezentos alunos atendidos nesta escola, oitenta e três possuem algum tipo de deficiência física ou intelectual (deficiência visual, auditiva, autismo, síndrome de down, paralisia cerebral, entre outras). Diante deste contexto, foi criado um grupo de estudos e pesquisas em Educação Inclusiva, que contou com a participação de pais, de professoras da escola, de docentes e discentes de uma Universidade Estadual Pública Baiana. A partir dos diálogos estabelecidos entre gestão, pais e professoras,  foram elencadas algumas medidas, dentre elas, investir na formação dos professores para construir uma prática educativa crítica e estimuladora; reelaborar o projeto pedagógico da escola para diminuir o fracasso escolar; criar duas salas de atendimento educacional especializado na própria escola para atender os alunos e alunas especiais; realizar reuniões nos bairros onde os alunos residem; realizar visitas domiciliares (objetivando conhecer as histórias de vida dos alunos e alunas); ministrar seminários internos para refletir sobre a prática pedagógica.  Os resultados refletiram positivamente nas taxas de aprovação que subiram no 1º, 2º e 5º ano para 100%, do 3º ano para 80% e do 4º ano para 83,6%. A taxa de evasão caiu para 0,3%. O índice de atestados médicos e licenças médicas das professoras e funcionários caíram para 0%. Houve mudanças profundas no comportamento, assiduidade, pontualidade e rendimentos dos alunos e alunas. Em um ato político, toda comunidade contribuiu para mudanças qualitativas na educação ofertada, desde reparo de carteiras e cadeiras, construção de hortas e jardins, confecção de materiais pedagógicos, bem como a reforma da escola, tornando-a acessível a todos. Educação de qualidade se faz com o engajamento de todos, sendo que, o professor é a peça fundamental dessas mudanças. 

Palavras-chave: gestão democrática; formação de professores; educação crítico-reflexiva.

 

 

O papel da gestão na consolidação dos espaços de formação permanente

Jorge Antonio de Oliveira Satt (SEMED/Rio Grande/RS)

Ida Letícia G. da Silva (SEMED/Rio Grande/RS)

 

O presente trabalho relata a experiência de uma escola pública da rede municipal de Rio Grande/RS, situada na periferia da cidade (zona oeste), a partir da implementação da hora-atividade (espaço-tempo de formação do professor) que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental de Nove Anos. Com base no pensamento freireano, sobre a escola e a formação de professores, entendida como processo permanente de busca e inquietude, alicerçado pela premissa da incompletude do ser humano, pretende-se com esta escrita, dialogar sobre os desafios e possibilidades que se apresentam no âmbito da escola, no sentido de que ela se assuma como espaço de criação, construção e produção de conhecimentos, constituindo seus próprios dizeres, fazeres e saberes, garantindo em seu interior o diálogo, a discussão, a reflexão e a crítica. Justifica-se a relevância deste trabalho por se tratar de uma experiência diferenciada em nosso município, já que a maioria das escolas não consegue disponibilizar este espaço-tempo de formação para os professores. A EMEF Prof. João de Oliveira Martins foi à pioneira na implantação da hora-atividade, organizada através da inserção no currículo dos anos iniciais de disciplinas, tais como: educação física, artes, hora do conto e língua estrangeira, que são ministradas por professores com formação específica nestas áreas. No desenvolver do texto, abordaremos à trajetória da equipe diretiva, no que se refere ao percurso de elaboração, planejamento e implantação da proposta de hora-atividade, e, como isso, possibilitar aos professores dos anos iniciais terem parte de sua carga horária dedicada à formação, ao planejamento, a realização de cursos, bem como, através do diálogo coletivo, refletirem criticamente sobre a prática que realizam. Desta maneira, evidencia-se a importância de registrar e compartilhar esta experiência vivenciada por nossa escola, orientada pelo que Paulo Freire nos propõe acerca do processo formativo enquanto momento fundamental/essencial do trabalho do professor. Além disso, o texto busca refletir acerca do trabalho da gestão escolar no que se refere às possibilidades de constituir de forma articulada seus espaços e tempos de formação, uma vez que a ciência pode e deve ser produzida dentro da escola também.

Palavras-chave: Hora Atividade; Formação; Gestão da Escola.

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